O cérebro está acima do coração

O cérebro está acima do coração

Certa vez, um amigo falou uma frase que nunca mais esqueci: “devemos gostar mais com o cérebro do que com o coração, pois, não é por simples coincidência que, fisicamente, o cérebro fica acima do coração”. Os românticos que me perdoem, mas, desde então, quando o assunto é relacionamento com outros seres humanos, tenho tentado colocar tal “ensinamento” em prática. Porém, nem sempre é fácil, pois, em muitas situações, o coração fala mais alto.

Tal ensinamento também deve ser colocado em prática quando o assunto está relacionado à gestão financeira. Infelizmente, nem sempre isso ocorre. Há muito tempo atrás, quando era gerente de um banco, liguei para um cliente, com o objetivo de avisar que ele estava com a conta corrente negativa e que tinha recursos investidos em um fundo de investimentos. Imaginando que a resposta fosse sim, sugeri que fosse feito um resgate.

Para minha surpresa, a resposta foi não. Querendo ser eficiente, argumentei que ele estava recebendo um rendimento dez vezes menor na poupança do que a taxa de juros que estava pagando por estar utilizando o cheque especial. Imaginando que a resposta passasse a ser sim, sugeri novamente o resgate. Sabe o que ele respondeu? O dinheiro é meu e faço com ele o que quiser! Não quero resgatar o dinheiro da poupança, pois é uma reserva que possuo para eventualidades.

A explicação para tal comportamento está em um campo de estudo relativamente novo, chamado de Finanças Comportamentais, que procura combinar análise do comportamento humano e teorias psicológicas com teorias econômicas convencionais para explicar melhor por que as pessoas muitas vezes tomam decisões financeiras de forma irracional.

No relacionamento humano, há espaço para os românticos, que muitas vezes tomam decisões baseadas mais no coração do que no cérebro. Porém, em finanças, não deve haver espaço para o romantismo. Caso seu coração peça uma reserva financeira na poupança para uma maior tranqüilidade, utilize seu cérebro para gastar menos e não utilizar seu cheque especial, pois é um erro inadmissível manter recursos financeiros aplicados a uma taxa de 0,6 % na poupança e utilizar o cheque especial pagando uma taxa de 6%.

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