Os efeitos do coronavírus sobre a Bolsa de Valores

Os efeitos do coronavírus sobre a Bolsa de Valores

Desde o fim do Carnaval, segundo Júlia Moura e Eduardo Cucolo, a instabilidade na Bolsa brasileira era atribuída aos efeitos do coronavírus sobre à atividade econômica no mundo.

O mercado acionário tenta sempre antever as consequências de eventos que ocorrem no mundo, sejam positivos ou negativos, comenta Vinícius Pereira. Como o coronavírus é de fácil contágio, governos e empresas de todo o mundo estabeleceram restrições à circulação de pessoas, como tentativa de conter a disseminação do vírus.

A tática, contudo, pode trazer consequências negativas à economia, principalmente da China, epicentro inicial do vírus, local com maior número de pessoas infectadas e segunda maior economia do mundo. Por isso, agentes do mercado acionário tentaram se proteger dessa possível redução na atividade econômica mundial vendendo ações, o que fez com que os preços caíssem.

"O mercado sempre olha para qualquer coisa que possa trazer aceleração ou desaceleração econômica, como o caso do coronavírus. Na China, com diversas fábricas parando para evitar a extensão do vírus pelos funcionários, isso começou a gerar uma desaceleração industrial. Cerca de 360 milhões de funcionários foram para casa", afirmou Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus. "Isso traz uma expectativa de redução da atividade que acaba acertando a economia em efeito cascata: o empregado não recebe, aí não consome e depois a fábrica não vende e também não precisa tanto de recursos", disse.

Porém, de acordo com Júlia Moura e Eduardo Cucolo, os indicadores financeiros sinalizaram com mais clareza nesta quinta-feira (05/03) que a queda da Bolsa de Valores também está ocorrendo devido a uma perda da confiança dos investidores em relação à economia brasileira. O Ibovespa fechou ontem em queda de 4,65%, a 102.233 pontos, menor patamar desde 10 de outubro, antes de a reforma da Previdência ser aprovada no Senado. No entanto, chegou a cair 6,2% à tarde.

Para que se possa confirmar a perda da confiança dos investidores em relação à economia brasileira, basta observar que também houve forte alta no risco-país do Brasil medido pelo CDS (Credit Default Swap), um tipo de contrato que funciona como termômetro da confiança dos investidores em relação a economias, especialmente às emergentes. O CDS de cinco anos do Brasil subiu 14,4%, para 129 pontos. Foi a maior alta percentual diária desde o chamado Joesley Day, em 18 de maio de 2017, dia em que veio a público a informação de que Joesley Batista gravara conversa com o então presidente Michel Temer (MDB).

Para lan Arbetman, da Ativa Investimentos, ainda pesa no cenário brasileiro o conflito entre o governo de Jair Bolsonaro e o Congresso em torno do Orçamento impositivo. "Esses ruídos preocupam por ser necessária uma comunicação para as reformas serem aprovadas na potência e velocidade necessárias", diz o analista.

Outro fator que pode ter gerado a queda na Bolsa foi a divulgação do PIB de 2019, com avanço de 1,1%, abaixo ao projetado inicialmente pelo mercado e pela equipe econômica. Segundo Mansueto Almeida, secretário do Tesouro Nacional, um PIB de 1,1% não é normal. "Durmo tranquilo? Não durmo. Estou muito preocupado porque a gente está em um país com crescimento muito baixo. Não é normal um país em desenvolvimento como o Brasil crescendo 1,1% ao ano. Isso é normal? Isso não é normal", afirmou.

Fontes: 
https://economia.uol.com.br/cotacoes/noticias/redacao/2020/03/05/coronavirus-dolar-bolsa.htm
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/03/risco-pais-brasileiro-tem-maior-alta-diaria-desde-joesley-day.shtml?origin=uol 
 

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