Proporcione felicidade para aumentar a produtividade

Murilo Carneiro

11 Mai 2016 10:41

No século XXI, que é a era da tecnologia imediata, temos cada vez mais distrações e o foco pode se perder em meio a tanta informação. O desafio dos gestores, portanto, é transformar a cara que damos ao trabalho. Deixar que ele se pareça cada vez menos com trabalho de fato e se assemelhe a algo mais lúdico, ao divertimento. Esse é o cerne do conceito de humanização do trabalho.

Pensando nisso, o sociólogo Domenico de Masi, criou o conceito de ócio criativo, que significa trabalhar, se divertir e aprender ao mesmo tempo. Para ele, isso não deve ser confundido com não fazer nada, e sim um modo de produzir de uma forma menos penosa para o indivíduo.

Desde um salão de jogos até poder levar seu animal de estimação para o trabalho, tudo é visto pelos funcionários como um estímulo, conforme afirma Letícia Galvão, diretora geral da agência digital Aubergine Panda. “Faz parte da filosofia da empresa encantar as pessoas. Nosso serviço é material humano. Meu produto é feito pelas pessoas, por isso elas precisam estar felizes. É uma decisão comercial. Fazemos de tudo para deixar o ambiente mais divertido. Temos happy hour com cerveja e vinho toda sexta. É só seguir algumas regras, como limpar a sujeira e descer com o animal para passear”, explica Galvão.

Justamente pelo fato de não haver mais separação entre tempo de trabalho e tempo de folga, as empresas que adotam o conceito de humanização mais acentuado garantem que obtém melhores resultados. “O rendimento do trabalho aumenta. Você não consegue fazer o que a gente faz estando emburrado”, complementa Galvão.

“O principal resultado é a construção de uma cultura de inclusão, participação e colaboração. Acreditamos que os colaboradores têm voz ativa e nos ajudam diretamente em muitos projetos de ambientes de trabalho. A produtividade é um resultado direto do fato de eles trabalharem felizes, saberem que são ouvidos e que podem nos ajudar a construir melhores escritórios”, comenta Amália Franke, Regional Manager do Google para a América Latina, Real Estate & Workplace Services.

Essas iniciativas vão além do que é previsto na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e, geralmente por isso, precisam de um trabalho de mudança de cultura dentro das organizações. Além dos benefícios obrigatórios previstos na CLT, os empreendedores podem oferecer agrados de valor intangível, que não pesam no fluxo de caixa e motivam os trabalhadores. “É dia a dia, colocar na cabeça das pessoas que aquilo é bacana e que elas se conscientizem de que todo mundo é responsável pelo espaço”, afirma Galvão.

No Google, até um departamento foi criado no intuito de capitalizar essas iniciativas. “Acreditamos tanto no poder que um ambiente de trabalho positivo proporciona para os funcionários que temos uma área importante da empresa responsável por isso. Temos uma área que gerencia todo o ciclo dos espaços, desde a locação dos imóveis até o projeto e operação dos escritórios. Temos uma diretoria dedicada à alimentação e um time preocupado em trazer o que há de mais saudável e saboroso para nossos colaboradores”, explica Franke.

Fonte: Revista Administrador Profissional / Ano 39 / nº 357