As (quase) super poderosas

As (quase) super poderosas

Ocorreu, nos últimos quatro séculos, o surgimento, a ascensão e a consolidação do capitalismo como sistema produtivo. Durante tal período, para atender a demanda por produtos e serviços, as empresas surgiram, cresceram e precisaram de muita mão-de-obra. Diante de tal necessidade, muitas pessoas migraram do campo para trabalhar nas cidades.

Salvo raríssimas exceções, as famílias eram patriarcais, ou seja, eram dominadas e controladas pelo homem, que tinha a função de prover o sustento. Para a mulher, ficou reservado o papel de dona de casa e educadora dos filhos. Em nossa sociedade, no início do século passado, pode-se dizer que o único trabalho “digno” reservado às mulheres era o de professora. Algumas atividades “artesanais” também eram exercidas por elas, como a de costureira ou cozinheira, porém, sempre dentro de casa.

Essa situação começou a mudar no período entre as duas Guerras Mundiais, pois os homens foram aos campos de batalha e as mulheres foram requisitadas nas indústrias. Essa tendência se espalhou pelo mundo e a presença da mulher no ambiente empresarial começou a aumentar. O grande problema é que elas começaram a sofrer várias formas de discriminação, como salários menores e falta de perspectivas para promoções de cargos.

A grande dúvida que surge atualmente é: a mulher continua sendo discriminada nas empresas?. Infelizmente, acredito que a resposta, de certa forma, seja sim. Para justificar minha afirmação, posso citar um trabalho que orientei, elaborado por uma aluna de um curso de pós-graduação. Um banco de grande porte, no qual minha orientada trabalha, identificou, por meio de uma pesquisa interna, que 51,4% do seu quadro de funcionários é composto por mulheres. Apesar desse dado ser extremamente positivo, a pesquisa também identificou que somente 13% dessas mulheres ocupam cargos de alta gerência e 30% de gerência.

Não se pode cometer o erro de fazer generalizações, mas esses números sinalizam que, atualmente, nas grandes empresas, a discriminação não está na falta de oportunidade de trabalho e nem em salários diferentes, mas sim na dificuldade de ascensão profissional. Nas últimas décadas, as mulheres se tornaram “poderosas”, pois conseguiram conquistar os mesmos cargos e os mesmos salários dos homens. Porém, para que se tornem “super poderosas”, ainda falta conseguir conquistar mais espaço entre os cargos de gerência e alta gerência. Várias batalhas foram vencidas, mas a guerra não acabou; portanto, a luta pelo fim da discriminação deve continuar!

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