
Racismo no ambiente de trabalho
As celebrações referentes à Consciência Negra, de acordo com o site Politize, surgiram nas lutas dos movimentos sociais contra o racismo na metade da década de 70. Oliveira Silveira foi um intelectual e ativista do Rio Grande do Sul, que pesquisou sobre a história do negro no Brasil e identificou que a data da morte de Zumbi dos Palmares, 20 de novembro, tinha requisitos que apresentavam orgulho para a população negra.
Junto com outros ativistas, mobilizaram o movimento negro e sugeriram esse dia como dia Nacional da Consciência Negra. Em 1971, foi proposto que nessa data fosse comemorado o valor da comunidade negra e sua fundamental contribuição ao país. O dia 20 de novembro se torna um dia para homenagear o líder na época dos quilombos. Fortalecendo mitos e referências históricas da cultura e trajetórias negra no Brasil e também trazer referências para lideranças atuais. Surge como uma iniciativa de gerar reflexão para as questões raciais no Brasil.
Infelizmente, o racismo ainda existe, portanto, precisamos combatê-lo. Ele permeia vários ambientes, inclusive o ambiente de trabalho. De acordo com Laís Menini, gestora de conteúdo do site Profissas, basta conversar com um amigo negro para ver que ele ainda sente, em pleno século XXI, que é discriminado no ambiente de trabalho. Mas só ver, porque imaginar o que é isso é impossível para um branco. Nem se nos esforçarmos muito, comenta Laís, conseguiremos definir a sensação de perdermos uma oportunidade de carreira por conta da cor da nossa pele.
“E a culpa desse sentimento é toda nossa. Sim, até do branco que nem pensa e nem fala nada racista mas que se omite quando isso acontece. Não importa se quem faz um comentário – principalmente em rodinha de brancos – é a pessoa que você mais ama: sua mãe, seu pai, seus irmãos, cônjuges, melhores amigos. Não importa se é o ídolo da sua infância. Se você presenciar alguma coisa errada, sendo branco, você tem a obrigação de cortar esse mal pela raiz, porque foi você, eu e essa pessoa branca que se acha no direito de falar merda que toda essa situação de dor, opressão e violência à pessoa negra existe. E, veja bem: não somos nós quem vai dizer o que é melhor para os negros, pois eles já sabem muito bem disso e não precisam da gente pra descobrir novas coisas. Nosso lugar é o de respeito à dignidade humana e inteligência para entender que a cor da pele não é um agravante para nada. Cientificamente, é apenas uma característica genética. A mais visível delas. E, por isso, precisa ser amplamente respeitada. Só amplificando a voz dos negros pela nossa vida branca é que vamos sair do lugar de fala para sentar no lugar de escuta, assistir ao show e mudar o mundo pela igualdade e equidade” (Laís Menini).
Para os que acham que eu estou exagerando ao dizer que o racismo ainda é muito presente no ambiente de trabalho, basta observar os números de uma pesquisa realizada pela consultoria Etnus, em 2017. Ela entrevistou 200 moradores de São Paulo e concluiu que 92% deles acreditam que existe racismo na contratação de candidatos e 60% já sofreram preconceito no ambiente de trabalho.
Segundo Luísa Melo, em matéria para o G1, os dados mostram ainda que o racismo e o fato de ser negro estão entre as principais dificuldades que esses trabalhadores enfrentam no mercado, com 34% e 31% de citações, respectivamente. Apenas a falta de qualificação profissional fica na frente, mencionada por 43%. Não falar inglês aparece na quarta posição (25%).
Sete em cada 10 (70%) entrevistados associa a afirmação "o candidato deve ter boa aparência" às imagens da mulher negra com o cabelo alisado e do homem de cabelo raspado. Mais da metade (53%) deles admitiu ter feito essas mudanças estéticas para fazer uma entrevista ou ser aceito no ambiente de trabalho. “As consequências do racismo interferem diretamente na qualidade de vida e produtividade dos trabalhadores, ao ‘psicossomatizar’ em seus corpos, contribuindo para o adoecimento de talentos, e, ainda, fazendo com que o rendimento não seja desenvolvido tanto quanto poderia", diz em nota Fernando Montenegro, sócio fundador da Etnus e idealizador da pesquisa.
Cinquenta e sete por cento (57%) dos profissionais negros ouvidos na pesquisa consideram que a indicação ou o envio de currículos para conhecidos que já trabalham na empresa é a opção mais eficaz para conseguir uma vaga. O cadastro de currículos digitais ou pelo site do empregador só foi citado por 15%, enquanto o LinkedIn foi lembrado por 8%. “Vemos muitas empresas postando vagas disponíveis, até mesmo de cunho operacional, e dizendo que não tem adesão, que não recebem currículos de pessoas negras. Essa realidade reforça nossas conclusões de que esta população acredita mais na indicação de amigos ou na entrega de CV impresso pessoalmente em agências de emprego físicas. A busca analógica está muito presente neste grupo”, avalia Montenegro.
Faça sua parte: ajude a combater o racismo em todas as esferas da sociedade! Viva Zumbi dos Palmares!