Você é um homo sapiens ou um homo faber?

Você é um homo sapiens ou um homo faber?

Nas últimas décadas, surgiram diversos novos cursos de administração. A princípio, isso é um fato extremamente importante para nosso país, pois poderemos ter mais profissionais devidamente capacitados para gerir as organizações. Porém, é imprescindível que pensemos seriamente no papel que as faculdades devem exercer para preparar devidamente os futuros administradores.

De acordo com Idalberto Chiavenato, um renomado autor de livros que abordam a ciência da administração, os cursos deveriam preocupar-se em formar o homo sapiens (que sabe pensar e desenvolver conceitos e estratégias empresariais e táticas departamentais) e não simplesmente o homo faber (que sabe fazer as coisas ou executar receitas previamente elaboradas sem adequá-las às necessidades mutáveis das organizações).


Segundo ele, não resta dúvida de que os cursos de administração devem ensinar como se prepara um orçamento de despesas ou uma previsão de vendas, como se constrói um organograma ou fluxograma, como se interpreta um balanço, como se elabora um planejamento e controle da produção e coisas assim, pois estes são instrumentos preciosíssimos de administração.

Porém, não se pode esquecer que são apenas instrumentos e não a própria finalidade da administração, que está muito acima disso. O mais importante e fundamental é saber como utilizar estes instrumentos e em que circunstâncias aplicá-los adequadamente. O conhecimento do instrumental representa apenas uma pequena parte do trabalho do administrador e daquilo que ele deve saber. A outra parte mais importante é o conhecimento da situação onde aplicá-lo com proveito.

Para ratificar sua idéia, Chiavenato cita como exemplo a situação do médico, que precisa conhecer profundamente os instrumentos e técnicas de intervenção e, mais do que isso, deve conhecer como e onde aplicá-los. Para tanto, deve ter profundos conhecimentos de anatomia e fisiologia do paciente. Deve saber fazer diagnósticos e, sobretudo, saber como analisar os problemas e necessidades do paciente.

Na medida em que o conhecimento do médico se restringe unicamente ao instrumental a ser utilizado, mais ele tenderá a ignorar os problemas reais do paciente, concentrando-se na aplicação dos instrumentos que conhece, qualquer que seja a situação, mesmo que esta contra-indique a aplicação do instrumental conhecido.

Um médico incompetente pode matar seu paciente. Da mesma forma, guardando-se as devidas proporções, um administrador incompetente pode “matar” uma organização, gerando um imenso problema para todos que dela dependem para sobreviver. Portanto, o administrador deve ser um homo sapiens e não simplesmente um homo faber.
 

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