Autoconfiança se conquista

Autoconfiança se conquista

 Por Myrna E. C. Coelho Matos – Psicóloga Clínica e coordenadora do IACEP-Ribeirão Preto

Todos nós buscamos e almejamos ser autoconfiantes, pois essa condição nos ajuda a enfrentar os desafios da vida. Diferentemente da autoestima, discutida no artigo da edição anterior, que se refere ao nosso senso de valor como pessoa, a autoconfiança refere-se à avaliação que a pessoa faz em relação às suas competências e capacidades, em como se sente confiante para executar algo ou ser bem sucedida em suas ações.

Embora a autoconfiança se configure como um conjunto de sentimentos e pensamentos positivos em relação aos nossos próprios desempenhos e capacidades, ela não se origina em nosso interior. Por mais que uma pessoa queira sentir-se confiante, isso não acontecerá até que ela se exponha a situações que, de alguma forma, comprovem que ela tem competência ou capacidade. Quando vivenciamos uma sequência de fracassos em uma determinada área, facilmente nos sentiremos inseguros, pois as derrotas costumam afetar nossa autoconfiança. Por outro lado, a esquiva de contingências desafiadoras de vida também não ajuda, pois inibe o processo de desenvolvimento da autoconfiança.

É frequente ouvirmos pessoas justificando sua passividade diante das diversas batalhas da vida, expressando-se da seguinte forma: “é que me falta autoconfiança” ou “eu não consigo porque não confio em mim mesmo”. Afirmações como essas mostram que a pessoa compreende que o sentimento de autoconfiança deve preceder suas ações e fica cobrando de si mesma uma mudança interior para que possa dar os primeiros passos. Todavia, temos que compreender que essa força interior não brotará espontaneamente.

Todos lembram quando o jogador de futebol Ronaldo “O Fenômeno”, no Mundial de 1998, horas antes da decisão contra a anfitriã França, foi acometido por uma convulsão . Esse jogador, pouco tempo depois, ainda recuperando seu ritmo de jogo e confiança em campo, em uma entrevista para TV, fez a seguinte declaração: “hoje fizemos um bom jogo, eu fiz um gol e isso me deu mais autoconfiança para os próximos jogos”.

Achei muito interessante a declaração desse jogador, principalmente porque ele não colocou a autoconfiança como algo antecedente ao gol, mas como uma consequência dele, descrevendo, exatamente, a relação estabelecida pelos estudos comportamentais.

Quer melhorar sua autoconfiança? Se a resposta for sim, então, saia da sua zona de conforto, amplie seu repertório comportamental, aprenda coisas novas, treine habilidades, assuma pequenos riscos e vá aumentando, de forma gradativa, os níveis de dificuldade de suas ações, sempre tendo em mente que errar faz parte do processo de aprendizagem e, por isso, você não deve desistir diante das primeiras dificuldades. Mesmo que, inicialmente, se sinta inseguro, saiba que seus sentimentos não governam suas atitudes, mas apenas as acompanham.  Por exemplo, se para você é difícil falar em público, diante de uma grande platéia, comece se expondo em pequenos grupos e, gradativamente, vá se propondo a novos desafios, enquanto sua autoconfiança aumenta com as experiências.

Autoconfiança se conquista com esforço!  Muitas pessoas tiveram oportunidades para desenvolvê-la na infância e adolescência e outras precisarão desenvolvê-la na vida adulta. Porém, não se esqueça que nunca é tarde para começar!

Tente imaginar a vida como uma partida de futebol que vai muito além dos 90 minutos. Durante a partida, é comum despediçarmos vários chutes ou mesmo chutarmos muitas bolas na trave. No entanto, mesmo não sendo um jogador “fenomenal” neste jogo da vida, sabemos que, com treino, dedicação e insistência, certamente conseguiremos fazer o tão almejado gol e os demais que virão após este!

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