AUTOCONTROLE: Como anda o seu?

AUTOCONTROLE: Como anda o seu?

Por Myrna E. C. Coelho Matos – Psicóloga Clínica e coordenadora do IACEP-Ribeirão Preto 

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É comum ouvirmos que uma determinada pessoa não se controla porque não possui força de vontade. Às vezes, passamos a vida tentando desenvolver “força de vontade” para superar nossos problemas, como se fôssemos acordar de repente, totalmente transformados e cheios de força interior, o que geralmente não costuma acontecer, não é mesmo?

Embora existam crenças de que o autocontrole tenha uma origem interna, não é isso que mostram os estudos atuais. O autocontrole, que é capacidade da pessoa de controlar seu próprio comportamento, é um tipo de comportamento aprendido e que se desenvolve ao longo de nossas vidas. Portanto, o autocontrole está muito mais associado à disciplina do que à força de vontade. Mas, então, por que é tão importante nos autocontrolarmos?

Pense numa criança que possua autonomia para decidir livremente entre fazer a tarefa escolar e brincar, ou mesmo entre comer uma porção de batata frita ou um prato com arroz e feijão, o que acha que ela escolherá? O que acontecerá se ela não aprender a abrir mão de suas vontades ou prazeres imediatos e passar a vida inteira optando pelas batatas fritas? Obviamente que, nestes casos, é um adulto que terá de controlar o comportamento da criança, até que esta, quando adulta, não precisará mais de controle externo, pois terá aprendido a se autocontrolar.

Há pessoas que apresentam sérios problemas de autocontrole, tais como as compulsões por comida, compras, sexo etc, necessitando de ajuda especializada para compreenderem a raiz do problema e poderem tratá-la. Então, o que devemos fazer diante de nossos pequenos “escorregões” diários que nos impedem de alcançarmos nossos objetivos?

Os estudos na área de psicologia comportamental mostram que é necessário desenvolver estratégias que controlem as circunstâncias que nos levam ao erro. Por exemplo: se você tem autoconhecimento suficiente para saber que não consegue ir ao shopping sem gastar mais do que deve, uma estratégia seria deixar os cartões e talões de cheque em casa e ir ao shopping apenas com o dinheiro necessário. Se você fizer isso várias vezes, perceberá que mesmo sendo uma experiência desconfortável no início, ela lhe ajudará a mudar os maus hábitos. No entanto, se você estiver fazendo uma dieta, o que você acha que ocorrerá se você encher sua geladeira e dispensa com as suas guloseimas preferidas? Nesse caso, a chance de autocontrole é mínima.  Quanto mais você dificultar o acesso ao “erro”, maiores serão suas chances de se autocontrolar. Veja a figura acima, observe atentamente a expressão facial do rapaz, em especial, observe a direção do seu olhar. Você diria que ele está mais propenso a comer  a linda fruta ou a apetitosa torta doce? A resposta parece estar estampada em seu olhar, não é?

No entanto, muitas vezes, mesmo não querendo cair, insistimos em permanecer à beira do abismo, e é nessas circunstâncias que fica mais claro compreendermos que não é a nossa vontade interior que precisa ser modificada, e sim nossas decisões e atitudes diante de nossas vontades.

Há alguns anos, adquiri um péssimo hábito de comprar mais livros do que era capaz de ler. Olhava aqueles livros ainda encapados e enfeitando a estante e me cobrava por não lê-los e por ter desperdiçado dinheiro com eles. Afinal, livro que não sai da estante não muda a vida de ninguém, não é mesmo? Então, tomei uma decisão sobre compras de livros: eu só poderia comprar um novo livro após ter lido, até o fim, um outro anteriormente adquirido. Sabe o que aconteceu? Comecei a ler muito mais e com maior rapidez, o que melhorou muito meus hábitos de leitura e meu dinheiro investido em livros passou a valer à pena. Hoje não preciso usar mais dessa estratégia, pois já estou bem mais autocontrolada nesta área. Enfim, gostaria de finalizar este artigo, incentivando você a usar sua criatividade para descobrir quais técnicas de controle funcionam melhor para você. Tenho certeza que você conseguirá descobrir!

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