Crianças sem stress

Crianças sem stress


Artigo de Myrna E. C. Coelho Matos - Psicóloga Clínica

Na sociedade atual, é cada vez mais comum os pais procurarem preencher o tempo livre das crianças com um conjunto excessivo de atividades extracurriculares, acreditando que, assim, a educação de seu filho será melhor. Esse contexto de agenda lotada, somado a outras situações de pressão do cotidiano, podem levar a criança a um quadro perigoso de stress.

A falta de informação de pais e professores sobre o stress infantil faz com que estes não busquem tratamento para o problema ou o façam de forma improvisada e equivocada. É muito comum que crianças sejam levadas ao médico devido aos sintomas físicos perceptíveis causados pelo stress e, posteriormente, encaminhada a um psicólogo para uma avaliação clínica mais detalhada.

De fato, o stress nada mais é do que uma reação física ou psicológica diante de situações que exigem esforço e adaptação, como, por exemplo: mudança de cidade ou de escola, doença na família, brigas e/ou divórcio dos pais, porte de um animal de estimação, nascimento do irmão, mudança na rotina dos pais etc.

O stress também pode ser gerado por situações agradáveis, tais como a mudança da criança para uma casa nova ou para uma cidade melhor. Neste caso, a expectativa e as novas adaptações também podem colocar a criança em uma condição de stress. Passada a fase em que a criança entra em contato com esses novos estímulos, espera-se que o organismo volte à sua condição de equilíbrio. O problema ocorre quando as pressões excedem a capacidade adaptativa da criança e o organismo não mais se equilibra. Nesses casos, o stress torna-se perigoso, pois causa um desgate físico e emocional que pode levar ao comprometimento do organismo, tornando-o mais vulnerável a doenças.

Não há como caracterizar um quadro de stress por meio da análise de sintomas isolados, necessitando que seja considerado todo o conjunto de sintomas físicos e emocionais mais frequentes, tais como: dores de cabeça, vômitos, intestino preso e tontura. Diante de tais sintomas, é importante considerar, além das possíveis causas médicas, a possibilidade de serem consequências de um quadro psicofisiológico relacionado ao stress.  Como sintomas psicológicos podemos citar: dificuldade na concentração e na lembrança de fatos e acontecimentos,  pesadelos, mudanças súbitas de humor (a criança fica agressiva ou retraída, repentinamente), choro frequente e fobias (medo de dormir sozinha, de morrer ou dos pais morrerem).

É importante que tanto os pais como os professores fiquem atentos ao surgimento de qualquer um dos sintomas citados e busquem investigar as suas causas. Precisamos ajudar nossas crianças a viverem livres do stress, de forma simples e feliz. Lembro-me que uma vez estava brincando com uma criança encantadora de cinco anos de idade, quando perguntei a ela: “Você é feliz?”. Para minha admiração, ela respondeu firmemente: “Eu sou, eu sou feliz”. Então ousei continuar e perguntei: “mas o que é felicidade para você?”. Sem demonstrar estranhamento nenhum diante de minha pergunta, ela respondeu tranquilamente: “Felicidade é comer bolinho de chuva e brincar no parque”.

O mundo pode até ser complicado, mas as crianças não são. Seu coração é simples. Aprendamos com elas, assistindo ao vídeo, abaixo.

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