Pais Analógicos, Filhos digitais

Pais Analógicos, Filhos digitais

  Por Myrna E. C. Coelho Matos – Psicóloga Clínica e coordenadora do IACEP-Ribeirão Preto

A Psicóloga Carina Costelini Isper, do Instituto Innove de Londrina-PR,  em entrevista à Karina Constâncio da rádio CBN Foz, em 24 de julho de 2013, discute um tema extremamente importante: pais analógicos, filhos digitais. Muito interessante!

É indiscutível afirmar que o mundo mudou. Impulsionadas pela evolução tecnológica, transformações na maneira de se comunicar, pensar e agir podem ser percebidas..


Nesse sentido, um fato passou a ser observado: pais analógicos educando filhos digitais. O conflito entre as gerações se intensificou, pois há uma grande diferença entre as duas partes. Para a psicóloga Carina Costelini Isper, isso se deve principalmente pela velocidade com que as coisas acontecem.
“Estamos numa geração em que tudo acontece rapidamente, sem que seja necessário grande esforço ou mesmo espera. Gosto muito da comparação feita por Mário Cortella, em que ele fala sobre o árduo processo de fazer pamonha vivido pela antiga geração, desde colher o milho, ralar, cozinhar, até o momento de comer, muitas horas depois. Hoje, as crianças compram a pamonha pronta, sem ter ideia do real processo necessário para isso. Isso ilustra a maior diferença entre as gerações: quase tudo está mais rápido, mais fácil, mais prático do que antigamente. E quando há necessidade de esperar, de lutar para conquistar, muitos jovens estão despreparados, desistem antes de conseguir”, explicou.
Essas diferenças acabam afetando a relação entre pais e filhos. “Os pais viveram uma época bastante diferente e acabam exigindo dos filhos habilidades que eles não desenvolveram com a mesma intensidade que os pais: paciência, tolerância, persistência. Os filhos, em contrapartida, exigem que os pais se adaptem a uma realidade ainda assustadora para muitos, onde a tecnologia predomina e as coisas acontecem em um ‘clique’”, afirmou a psicóloga.
De acordo com Carina, os conflitos podem ser evitados quando a base do convívio é a empatia, ou seja, a habilidade de se colocar no lugar do outro e buscar compreender os fatos através da perspectiva dele. “Ainda quando não se concorda, é importante entender e respeitar o ponto de vista do outro. Quando se conhece o contexto em que cada um viveu é mais fácil compreender como suas habilidades e dificuldades foram desenvolvidas e mantidas. Consequentemente, é mais fácil aprender a respeitar o outro. Para que isso aconteça, é importante que os dois lados estejam abertos a conhecer e aprender com o outro”.
 Os pais também precisam se atualizar, pois sem compreender o mundo em que vive a geração digital, é difícil conviver com as divergências. “Por que não arriscar viver um pouco de toda essa tecnologia? Apesar dos prejuízos que o seu excesso pode trazer, é preciso assumir que as vantagens são muitas, seja para o lazer ou até mesmo para o trabalho. Isso aproxima as gerações e o convívio familiar”, destacou a psicóloga.
Porém, para Carina Costelini Isper, é importante que os pais saibam colocar limites e passar seus princípios de forma clara. “Ainda que os filhos questionem ou discordem, não se pode permitir que os papeis se invertam”.

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