Pobreza: um estepe para a violência juvenil?

Pobreza: um estepe para a violência juvenil?


Artigo de Myrna E. C. Coelho Matos - Psicóloga Clínica

Não, a pobreza não serve de justificativa para a violência juvenil. Uma grande parte dos jovens pobres do nosso país está, junto com suas famílias, lutando honestamente por sua sobrevivência e , muitas vezes, em ambientes absolutamente desfavoráveis.

São jovens que desafiam as probabilidades. Mantêm-se íntegros a despeito de todas as privações e adversidades vivenciadas. São verdadeiros guerreiros. Porém, num país permeado por diferenças sociais, como o Brasil, o que se pode observar são milhões de crianças vivendo em condições subumanas e muito distantes dos mínimos direitos de cada cidadão, ou seja, saúde, educação, habitação, alimentação e lazer. Não há dúvidas que privações intensas sejam facilitadoras do desenvolvimento da violência.

Os estudos demonstram que há uma maior reação de agressividade em crianças pobres quando comparadas às demais. O filme Cidade de Deus é bastante ilustrativo e ajuda a compreender esse processo. Para a sociedade e a família encararem a situação da “delinquência” entre crianças e jovens, acredito que ambas devam sair da posição de juízes e entender que, se a violência é um problema de ordem social, então é um problema de todos nós. A ausência de princípios e valores norteadores de vida leva a criança e o jovem a acreditar que “pode tudo” e que seu desejo precisa ser atendido, mesmo que isso venha a prejudicar o próximo.

A aprendizagem e o desenvolvimento de virtudes, tais como: justiça, compaixão, generosidade, e tolerância se dão nas nossas relações sociais, ou seja, no nosso ambiente social.

No que ser refere às escolas, atividades de educação ambiental, artística e trabalho social são exemplos de atividades favorecedoras do desenvolvimento das habilidades citadas. Algumas escolas possuem recursos financeiros e de pessoal para isso, outras não e precisam contar com a criatividade de toda a equipe pedagógica. Não há dúvidas que é preciso investir na educação global do aluno. E vale lembrar:ações conjuntas em várias esferas como família, escola, igreja, governo são as que de fato podem ser efetivas. Nenhuma ação isolada vai conter essa onda de violência. Cada um precisa se conscientizar do seu papel e fazer sua parte.

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