A SÉRIE: A ADOÇÃO (parte 3)

A SÉRIE: A ADOÇÃO (parte 3)

Uma pergunta: o amor que pais sentem por seus filhos adotivos é na mesma intensidade que sentem ou sentiriam por filhos biológicos?

Se você tem alguma dúvida que a resposta é SIM , a partir desse texto, você terá a chance de repensar e mudar de ideia.
 


Capítulo III - Texto de Sávio Bittencourt

Uma pergunta  que se faz a quem tem filhos adotivos e biológicos é se o amor que se sentem por eles é igual. Há quem atribua a existência de afeto ao vínculo biológico. É uma aposta no amor narcisista que quer ver nos filhos a perpetuação das características físicas e comportamentais do pai. Há quem se orgulhe do fato de o filho herdar até os defeitos dos pais: este é um legítimo Silva, tem um gênio horroroso, como o pai e o avô ! Este tipo de “amor” paterno traduz uma vaidade desmedida e é mais direcionada a si próprio do que ao filho. A pressuposição do amor que vem do vínculo biológico tem sido desmentida pelos fatos sociais há séculos. O amor adotivo, por sua vez, pressupõe a diferença biológica entre pai e filho e transcende a ideia egoísta de que o pai através do filho acabe amando a si próprio. É o encontro de desiguais que se aproximam pelo interesse em construção de uma afetividade compartilhada. Se a filiação biológica perpetua uma parte da minha existência física e nasce dos meus cromossomos, o amor adotivo imortaliza meu afeto, plantado e cultivado na minha alma. É o amor pelo diferente de mim, que se torna intensamente meu por obra de uma identidade construída no afeto e no cuidado.

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