Violência Juvenil e seus sinais de alerta na infância

Violência Juvenil e seus sinais de alerta na infância

 Por Myrna E. C. Coelho Matos – Psicóloga Clínica e coordenadora do IACEP-Ribeirão Preto

Revendo alguns casos de violência divulgados na mídia, li que um estudante foi espancado por outro, no Rio de Janeiro, com golpes de porrete; em Brasília, um aluno de 15 anos foi internado em estado grave após ser agredido por 08 adolescentes na saída da escola; em Natal, a polícia teve que conter um tumulto envolvendo 60 jovens de gangues de colégios rivais; e na cidade de Matinha -MA, um menino de 11 anos matou um colega, golpeando-o com um canivete.

Infelizmente, notícias como essas têm sido tão frequentes que nos induzem a suprimir nossos sentimentos de indignação e comoção, dessensibilizando-nos.

Entretanto, não podemos ficar indiferentes em relação a problemas tão graves. Sabemos que privações extremas dos direitos humanos básicos, como saúde, alimentação, educação, cultura e lazer, levam a pessoa a um intenso sofrimento e, como consequência, podem gerar um sentimento de revolta e inconformismo, contribuindo para o desenvolvimento de um comportamento violento.

Todavia, sabemos também que nem sempre a violência ocorre em contextos de extrema pobreza e privações de necessidades básicas. De fato, a violência juvenil ocorre em todas as classes sociais e está presente em todos os lugares, na escola, na família, no trabalho e até em locais onde são desenvolvidas atividades de lazer. Então, onde tudo começa? Por que nossos jovens estão tão violentos?

Estudos sobre desenvolvimento humano são seguros em afirmar que o comportamento violento na juventude não emerge espontaneamente, mas, em geral, é um comportamento desenvolvido progressivamente, da infância até a adolescência. Durante o seu desenvolvimento, as crianças costumam dar muitos “sinais de alerta” antes de se envolverem em padrões comportamentais mais severos. Esses “sinais” podem indicar a presença de um Transtorno Desafiante de Oposição (TOD), que costuma anteceder formas mais graves de comportamentos delinquentes e violentos e que será o foco da discussão neste artigo.

Porém, antes de iniciarmos uma discussão sobre o referido transtorno, ressalto, de antemão, que o fato de uma criança apresentar os comportamentos que serão descritos a seguir, não a sentencia a se tornar um jovem ou adulto violento, apenas sinaliza que um cuidado maior precisa ser tomado, principalmente, porque os comportamentos opositores (rebeldes) indicam que a criança está passando por algum sofrimento emocional.

O TOD é descrito pela American Psychiatric Association como um padrão recorrente de comportamento negativista, desafiante, desobediente, principalmente com figuras de autoridades e que levam a um prejuízo na vida acadêmica, social e familiar. No entanto, a identificação da presença desse tipo de transtorno numa criança necessita de uma avaliação mais precisa que busque identificar pelo menos quatro dos seguintes sintomas: a)encoleriza-se frequentemente, b)discute com adultos ou figuras de autoridade, c)costuma desafiar as regras dos adultos, d)faz coisas deliberadamente para aborrecer a terceiros, e)culpa os outros pelos seus próprios erros, f)se sente ofendido com facilidade, g)tem respostas coléricas quando contrariado, h)é rancoroso e vingativo quando desafiado ou contrariado. É importante salientar que nenhuma hipótese diagnóstica deve se basear em comportamentos isolados, mas sim, em um conjunto de sintomas que apresentam frequência, duração e intensidade consideradas significativas.

Assim, antes de mais nada, precisamos estar atentos aos “sinais de alerta” emitidos por nossas crianças, entendendo que quanto mais cedo as primeiras manifestações comportamentais são percebidas e tratadas, mais simples será para interromper o seu curso de desenvolvimento.

Para mais informações sobre este tema, acesse gratuitamente o meu artigo intitulado “Conceituação, implicações e evolução do comportamento agressivo e a prevenção do comportamento antissocial” disponível, no formato flipping book, em https://www.psicologaribeiraopreto.com/minha-biblioteca-virtual/

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