A Menina no País das Maravilhas e Neurose Obsessiva
Bom dia, pessoal! Tudo bem?
Estes dias fiz um trabalho para apresentar na especialização que faço em Psicanálise e gostaria de compartilhar um filme que assisti para realizá-lo. Trata-se de um filme muito lindo que ainda não havia visto chamado: A Menina no País das Maravilhas.
O filme tem como personagem principal a menina Phoebe de nove anos, tratada como diferente das outras crianças. A princípio, seu comportamento não é entendido pelos colegas, professores e pais. A menina sente-se rejeitada e culpada pela maneira de se comportar.
Em certo momento, surge uma nova professora de teatro em sua escola convidando os alunos a participaram da peça Alice no País das Maravilhas, a mãe de Phoebe coincidentemente também estava escrevendo uma dissertação sobre o mesmo tema, e talvez influenciada por este fato, Phoebe se encanta com a peça e decide também participar.
Em meio a tantas concorrentes disputando o papel de Alice, Phoebe brilha os olhos da professora por sua interpretação sincera e cheia de vida e é a escolhida, o que a deixa extremamente feliz.
A partir daí iniciam-se os ensaios e Phoebe consegue, neste espaço, ser uma pessoa mais confiante do que a realidade a permite. A professora apresentando um papel muito importante em dar autonomia e permitir a criatividade dela e dos demais alunos.
Com isso inicia-se um mundo de fantasias e o filme gira em torno desta peça, da rotina de Phoebe em sua família e as dificuldades que enfrenta em seu dia-a-dia.
Phoebe apresenta o Transtorno Obsessivo Compulsivo com sintomas psicóticos, no qual cria rituais autopunitivos para neutralizar as fantasias. Assim, machuca as mãos ao lavá-las exaustivamente, cria jogos intermináveis de pular até cair e tem delírios e alucinações visuais (sintomas psicóticos) com a história de “Alice no país das maravilhas”.
Manifesta, também, o sintoma de coprolalia, que é a tendência involuntária de proferir palavras obscenas ou fazer comentários geralmente considerados socialmente depreciativos e, portanto, inadequados.
Com as dificuldades que enfrenta suas manias e tiques pioram, criando uma grande dificuldade de seus pais lidarem com a situação. Sua mãe sofre muito e se culpa pela filha ser assim, já o pai não percebe tratar-se de uma patologia, acreditando que a menina deveria ter o controle das situações. Entretanto, ambos tentam compreender e ajudar a filha, que consegue vivenciar este mundo de fantasia e realidade e ao final do filme demonstra o quanto conseguiu, com a ajuda de seus pais e de sua professora de teatro, passar por uma transformação significativa.
A comunicação que fica, segundo o ponto de vista psicanalítico, é de que ao longo do filme, Phoebe vai se encontrando e se sentindo melhor ao poder representar a personagem de Alice na peça de teatro, ela se sente mais livre e diz que no país das maravilhas não há a rigidez que existe na realidade, e que esta a angustia muito.
Além da autonomia e liberdade que ela passa a sentir, ela conquista um olhar diferente da escola e sua família sobre a sua dificuldade, que antes isso não era possível.
Desta forma, pode-se pensar que todo o processo de inserção na peça, a professora de teatro que conseguiu deixar Phoebe livre para se expressar, e todo o ganho que Phoebe obteve após este acontecimento, ocorreu tal como um processo analítico ou de psicoterapia.
Indico o filme para quem se interessar pelo tema!
Uma ótima semana, pessoal!
Abraços.