Olhar Além
Na clinica o exercício de enxergar além do que está posto pelo paciente é diário.
Sabe o ditado que diz que quem vê cara não vê coração?
Pois é. Muitas vezes vamos criando cascas que nos escondem de nossa verdadeira essência e do que sentimos. Essas cascas são defesas que utilizamos para nos proteger do sofrimento.
O trabalho é no sentido de buscar o que está além daquele discurso, qual a dor que aquela pessoa carrega que muitas vezes nem ela se dá conta, como buscar lá no fundo esse sofrimento e aos poucos tentar elabora-la e dar um sentido mais leve a ele?
Fora da clínica podemos olhar com empatia (assunto que já foi tratado no blog), para o outro buscando entender o que o torna daquela maneira e quantas marcas ele carregou ao longo da vida.
Não é preciso ser psicólogo para se atentar e dar uma atenção sem julgamentos para o que está a nossa volta.
Por todos os lados encontramos ódio, vingança, e tantos outros sentimentos destrutivos que nos distanciam de conviver em harmonia com o próximo, você sabe como foi a noite daquela pessoa que atravessou na frente do seu carro sem dar seta? O que aquele sujeito enfrentou para se tornar alguém mais introspectivo?
Muitas vezes, agimos com intolerância em nosso dia-a-dia, pois só olhamos pela atitude concreta e vivenciada naquele momento.
Aquele vizinho que te incomoda tanto com as músicas que coloca diariamente para escutar e que você já reclamou mil vezes para o zelador pode ser o mesmo a te dar a mão quando você precisar.
Precisamos exercitar o nosso olhar, a construção da realidade está diretamente ligada a ele, e muitas vezes o que não conseguimos perceber externamente não estamos conseguindo também com nós mesmos e com nossas relações mais íntimas.
Olhar o outro é também se olhar.