Re-Pare
Viajei para o Rio de Janeiro há duas semanas e em certo momento em que passeava pela orla da praia de Leblon, avistei uma área de preservação com uma plaquinha escrito: REPARE.
Esta palavra já tem um lugar dentro de mim há muito tempo, e quando a avistei, alguns significados retornaram em minha mente.
Hoje, vou falar de dois sentidos que acredito serem importantes para nossas vivências diárias:
Reparar no sentido de consertar algo que se cometeu e que feriu o outro.
E reparar no sentido de perceber os detalhes ao redor.
O primeiro sentido, penso ser uma das principais qualidades que o ser humano pode ter, a possibilidade de conseguir reparar o seu erro.
Quem vai ser o primeiro a atirar a pedra em alguém que cometeu algum erro com alguém ou em alguma situação? Todos os dias erramos, somos grosseiros, machucamos quem não gostaríamos, somos preconceituosos, arrogantes, autoritários, mas a nossa grande arma chama-se reparação. Só nós, seres pensantes, somos capazes de arrumar, corrigir, retratar ou restaurar o mal que fizemos. Quando conseguimos realizar este feito, crescemos e nos tornamos mais fortes para continuar.
Miguel de Cervantes, no livro Dom Quixote, sobre este tema afirma:
“Sonhar o sonho impossível,
Sofrer a angústia implacável,
Pisar onde os bravos não ousam,
Reparar o mal irreparável,
Amar um amor casto à distância,
Enfrentar o inimigo invencível,
Tentar quando as forças se esvaem,
Alcançar a estrela inatingível:
Essa é a minha busca.”
Sobre o segundo sentido, sinto que também falhamos ao não perceber alguns detalhes tão imprescindíveis que existem em nosso redor.
O sorriso das pessoas que cruzamos, gestos pequenos, gentilezas, o carinho que recebemos e podemos oferecer com nossas palavras, olhar como a lua está linda e como o nascer no sol pode preencher nossos corações, a criança aprendendo a andar e sorrir, aquela flor que aparece em meio ao chão da rua. Muitas vezes não fomos acostumados a perceber isso, mas é possível aprender, trazendo, assim, novos significados para nossa vida.
Que tenhamos coragem de incluir em nossas vidas sentidos que antes não pensávamos que seriam importantes e que poderiam nos transformar em pessoas melhores.
Pare um pouco para reparar.