Tristeza não é doença

Tristeza não é doença

Tenho me deparado no consultório com pacientes que não suportam o sofrimento, querem receitas prontas para se livrar da dor ou um medicamento que as façam deixar de sentir tamanho desconforto.

Esta necessidade de estar o tempo todo feliz, é fruto do mundo contemporâneo que vivemos. Em qual rede social alguém compartilha um momento de sofrimento? Em qual roda de amigos o assunto é a dor do outro e não o próximo chopp que vai ser pedido? Qual espaço temos para falar de nossa dor? Quem está disposto a ouvir sobre nossos problemas?

Acho difícil encontrar respostas para estas perguntas.

Entretanto, somos feitos de dores, de alegrias, de ansiedades, de sensações boas e ruins, na maior parte das vezes, estes sentimentos funcionam em equilíbrio dentro de nós. Mas porque temos que demonstrar o tempo todo que estamos bem e esconder essas mazelas?

Pois bem, o que digo aos meus pacientes quando percebo que não estão com sintomas depressivos, ansiosos ou com qualquer outra patologia, quando vejo que estão somente tristes ou sofrendo por alguma situação REAL que estão vivenciando, é que VIVENCIEM esta dor. Que saibam aceitar que a dor está ali por algum motivo, e que se ela for bem aceita, em algum momento ela irá embora, a tristeza não é eterna, assim como a felicidade também não.

Vivenciamos momentos tristes, momentos felizes, não somos super-heróis e não somos máquinas (pelo menos ainda, RS), e desta forma, podemos nos aceitar um pouco mais feitos de carne viva.

Para diferenciar a tristeza de uma patologia, um profissional poderá ajudar e estará pronto e capaz de escutar e acolher essas angústias.

Se não conseguirmos lidar com a dor, temos a possibilidade de, pelo menos, pedir ajuda.

Um bom final de semana, pessoal.

Abraços.

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