Afelicidade
Felicidade não se define, sente-se! Apesar da grande verdade ora dita, o sentimento da felicidade é tão grande que sempre dá espaço para se conjecturar sobre ele! Podemos dizer que felicidade é o poder utópico de transformar todos os sonhos em realidade! A felicidade é verdadeira quando preenche a alma, transborda e atinge as pessoas que estão ao lado!
Somente é feliz aquele que se sente feliz e que faz outras pessoas felizes! Ninguém poderá se considerar feliz isolado do mundo! A felicidade é completa quando os sorrisos sinceros provocam em outras pessoas, sorrisos não menos sinceros! Sorrisos fingidos contaminam outros sorrisos e acabam por transformarem-se em desconfiança entre as partes! A felicidade sincera traz força e aglutina amigos; a falsa cria anticorpos! A felicidade deve ser simples, objetiva e prática como a felicidade da criança! A felicidade não escolhe idade, cultura, raça, riqueza ou pobreza! Em geral, a felicidade traz alegria; às vezes, leva à frustração!
Clarisse Lispector em seu livro “Felicidade Clandestina” conta, no conto que leva o mesmo nome, a felicidade sentida ao saber de sua amiga, que lhe emprestaria o livro Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. Para Clarisse, que na infância não tinha dinheiro para comprar livros e tinha Lobato como seu escritor predileto, a notícia dada pela pseudo-amiga, deixou-a feliz como nunca havia ficado. Pelas promessas repetidas de lhe entregar o livro que nunca vinha, ficou extremamente frustrada, mas a felicidade voltou com força dobrada quando a mãe da falsa amiga entregou o livro em suas mãos. Ao receber o livro, ela correu para casa com ele junto ao peito e por vários dias o escondeu para sentir a emoção de encontrá-lo e tê-lo reiteradamente nas mãos novamente, como se fosse pela primeira vez. Por isso, o conto recebeu o nome de “Felicidade clandestina”. Apesar de ser um conto, os estudiosos de Clarisse dizem que a história é verdadeira e que essa falsa amiga existiu.
Como vimos, a felicidade pode ser até clandestina como referiu Clarisse Lispector, mas é o sentimento que, junto com o amor, mais arrebata as pessoas em todo o mundo!
É interessante dizer que a felicidade, como outros sentimentos, não tem uma tabela que a meça, uma balança que a pese! Ela não tem limites, nem peso! Não tem nada a ver com a idade das pessoas. Crianças e velhos podem ser felizes! Muitos acreditam que as crianças são mais felizes porque são mais alegres, ainda não sofreram as agruras da vida, não têm passado, somente futuro, e o futuro é sempre promissor! Claro que esses são bons motivos para elas serem felizes! Os idosos, entretanto, têm boas razões para serem felizes! O fato de estarem mais maduros já é motivo para sentirem-se felizes! Ter oportunidade de passar conhecimentos para os mais jovens é outro motivo de felicidade! Dar apoio a quem precisa, orientar, ensinar os caminhos da vida são outros! Ver o seu sangue correndo nas veias dos filhos, ver que os filhos estão aproveitando o apoio recebido e estão vencendo na vida, ter mais tempo para ficar com a família, ter os netos ao seu redor! Que grandes motivos têm os idosos para sentirem-se feliz!
Quantos são os motivos para nos sentirmos felizes em qualquer idade em que estivermos!
Na juventude somos felizes porque temos tudo pela frente e a vida nos sorri! Na velhice temos o tempo que quisermos para recordar tudo o que conseguimos durante a vida!
A juventude é a idade da esperança! A velhice é a idade da recordação! Como poderemos ser felizes se pudermos passar por essas duas fases da vida com saúde!
Assim é a vida! Assim é a esperança! Assim é a saudade! Assim é a felicidade!