Até que enfim

Até que enfim

Todos devem estar pensando que vou me referir ao término da propaganda eleitoral, que tanto deu o que falar por todo o território brasileiro! Quanta disputa, quantos xingamentos, quanto desrespeito entre os próprios candidatos e o povo em geral, quanta falta de propostas!     Bem! Disse que não iria falar de propaganda eleitoral, mas, talvez por instinto e diante de tanta indelicadeza, de tantas ofensas, é possível que meu ego não quis deixar passar esta oportunidade!

O que quero falar, na verdade, é sobre o fim da seca! Como estávamos sofrendo com a seca que parecia não ter fim!  Quanta esperança, quanta reza, quantos pedidos foram feitos dentro e fora das igrejas! O Rio Pardo! Coitado do Rio Pardo! No domingo passado fui até a cidade de Mococa e fiquei muito triste ao passar sobre a ponte desse rio. Acostumado a vê-lo exuberante, balançando o mato que o acompanha em todo o seu percurso, o voo dos pássaros que passavam rasantes, acompanhando o marulhar das águas em algumas pedras que cá e lá apareciam nos seus barrancos, vi que quase não havia  água! O Rio  parecia um riacho cuja água corria entre as pedras que forram o seu leito, naquele trecho. Vários pequenos riachos passavam entre as pedras mais elevadas no leito do grande rio! Se não estivesse vendo aquele quadro, não acreditaria! A ponte que vivia repleta de pescadores estava abandonada! Os carros que sempre estavam estacionados na rodovia próximos ao rio, estavam ausentes!  A pujança cedeu lugar à escassez de água! Os animais que normalmente bebiam água ao aproximarem-se do rio, passeavam pelo leito dele, onde no lugar de água havia capim! Parei por alguns minutos para examinar o desastre ecológico que está acontecendo entre nós! Nessa parada tive a oportunidade de verificar que os canaviais haviam sido plantados até as barrancas do rio, substituindo a mata ribeirinha, tão abundante há alguns anos!  Os canaviais ressequidos, embora à beira da água, balançavam suas folhas murchas, quase sem vida!  Saí dali triste e inconformado com a destruição da vegetação nativa que foi trocada pela cana! Fiquei mais triste ainda quando ao prosseguir pela estrada vi um fogaréu que destruía toda a vegetação da estrada, vinda de um grande canavial anexo que já estava quase que totalmente queimado! As labaredas iam altas e a fumaça perdia-se na imensidão do espaço!

  O que está acontecendo com o nosso país? Que país é esse que destrói toda a sua riqueza natural em troca de pseudo riquezas construídas!  Estamos enriquecendo destruindo nossas matas, matando nossos rios e nossa fauna, matando o nosso povo com excesso de ilusão e de gás carbônico!  Vocês repararam que não se tem falado em buraco de ozônio? Tem reparado que a propaganda de venda de carro ultrapassou todos os limites do bom censo em relação ao razoável e tolerável de um país cuja população já não está tendo dinheiro para andar de ônibus, mas tenta economizar para comprar carro? A impressão que se tem é que o buraco de ozônio, de tão grande, já não é mais um buraco, mas uma coisa que perdeu os seus limites e que não pode mais ser chamado de buraco, mas de ozônio sideral!

   Até que enfim a chuva chegou! Chegou devagar, mansamente como se estivesse com medo do calor abrasador que queima a nossa cabeça e a nossa paciência! Até que enfim... Até que enfim podemos dar boas novas a uma ocorrência deste pobre país que teima em se consumir a cada dia que passa!

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