
A esperança é a última...
Ele queria tornar-se rico a todo o custo. Depois de arriscar a sorte em várias loterias, fixou-se na sena. Ela seria a sua salvação. Estudou matemática, numerologia, participou de aulas de astro-física, astrologia, praticou simpatias, consultou cartomantes e fez muitas maluquices para ficar rico. Não jogava no concurso após a sena ter sido premiada, ele a queria acumulada, somente se contentaria com um prêmio acima de 10 milhões. Dez milhões para ele, era o limite inferior que queria ganhar!. Considerava-se um jogador profissional, e por ter estudado muito, deveria ter sorte. Sempre acreditou que a sorte viria junto com a sabedoria: “gente burra nunca tem sorte”, ou, “a sorte não gosta de gente burra”. Assim pensava, e assim levava a vida, confiando nas duas, sorte e sabedoria. Os outros ganhavam, apenas por sorte, ele queria ganhar com a sabedoria, mas, nas horas em que estava sozinho, nas madrugadas insones, não deixava de pedir uma mãozinha à companheira dos desvalidos e atrasados (a sorte). Uma cartomante orientou-o a fazer os 60 números ( de um a sessenta) em pequenos cartões coloridos. Duvidou, mas os fez. Comprou seis folhas de cartolina de cores diferentes, recortou-as em dez pequenos cartões cada uma, e escreveu os sessenta números, um em cada cartão. Como era religioso, comprou um feltro e fez duas pequenas sacolas semelhantes àquelas que recolhem a contribuição dos fiéis, na igreja. Colocou os 60 cartões coloridos e numerados dentro de uma delas e a cada semana, antes de jogar sorteava seis, para jogá-los na sena. Deixava esses números “sorteados” na outra sacola, e após o sorteio ia retirando-os um a um para conferir. Andou acertando um, às vezes, dois, mas naquele dia sentiu que a sorte e a sabedoria trabalhavam juntas e na retirada dos cartões os três primeiros conferiram com os sorteados pela sena. Parou por um minuto: dos seis, já havia acertado três, portanto “já havia ganhado metade do prêmio”. Respirou fundo, tomou novo fôlego e retirou o quarto cartão: estava premiado. Parou de novo, o prêmio estava aumentando, ele iria chegar lá.. Retirou o quinto cartão: conferiu, estava sorteado. Faltava um cartão. Parou. Rezou, pediu forças aos céus. As mãos estavam trêmulas. Faltava, apenas um, “unzinho” apenas. Com dificuldade enfiou a mão trêmula na sacola trêmula: o número não era o sorteado!
O que você acha que aconteceu? Ele ficou arrasado ao perder o prêmio da sena por um número apenas ou ficou contente de ter acertado cinco?
Nelson Jacintho