
Eu estou triste porque o mundo está triste...
Eu estou triste porque o mundo está triste... Sinto e vejo a tristeza em quase tudo que vejo...
Sinto e vejo a tristeza do homem de rua que não tem onde morar e o que comer...
Vejo a tristeza no olhar das crianças que não podem ir à escola, vejo na face dos motoristas condutores de ônibus, que correm o risco de perder o emprego pelo recolhimento dos ônibus, causado pela diminuição das corridas. Vejo a tristeza na face dos passageiros que não têm espaço para respirar. Vejo-a na face das mães empobrecidas pela falta de sorte e pela desventura de terem o marido e os filhos, desempregados, sem visão de futuro.
Estou triste porque o mundo está triste... O mundo perdeu a vivacidade, perdeu a ilusão de que a vida é o maior bem que podemos ter. Hoje, a vida pouco vale porque estamos com medo de viver. Sair à rua é correr risco de morrer. Se não se morrer pelas mãos dos bandidos, morre-se pela inanição do corpo e da alma, que quase estão presos em um tubo de ensaio nas mãos dos cientistas que estudam a continuidade da vida e a possibilidade de viver.
A tristeza, sempre, teve uma causa e a causa, sempre teve uma companheira para ajudá-la nas desventuras da humanidade. Desta vez, a companheira foi a geada, a geada que no primeiro ataque deixou o mundo de joelhos e no segundo, atirou-o por terra. Ela queimou praticamente tudo, acabou com quase tudo.
Eu continuo triste porque vejo o desespero das abelhas que se deliciavam com o mel das flores, dos passarinhos que se deliciavam com o sabor das frutas lindas e apetitosas, do gado que pastava nos campos verdes e alimentadores, dos maravilhosos canteiros de verduras, dos exuberantes cafezais, dos canaviais, das matas verdejantes que pintavam os nossos olhos de verde e a nossa alma de azul.
Estou triste porque vejo que tudo que era lindo e colorido, hoje está cor-de-cinza, cor de desolação, cor de tristeza.
A ilusão de que, só coisas boas vinham do céu, sofreu grande baque. A covid conquistou rapidamente e violentamente o mundo porque tinha em mãos os grandes jatos que cruzavam e cruzam o céu e desciam e descem em praticamente todos os países do mundo. A geada não precisou dos jatos! Veio e continua voando com suas próprias asas.
Desculpe-me se eu, também, o deixei triste...