Momentos de felicidade!
O lago, ao lado de minha casa na fazenda, enfuma todas as manhãs.
A fumaça acinzentada que sai de sua bocarra, não tem cheiro de fumo, mas cheiro de plantas agrestes, que lhe protegem os bordos e dão imagens maravilhosas em suas águas, ao projetar sombras no período da manhã e do entardecer. Fumaça gostosa com cara de tabaco, mas com cheiro de perfumes agrestes, que me enternecem os olhos e os pulmões e me estimulam a alma de poeta! Lindo quadro de se olhar! Sadio ambiente de se respirar! A fumaça brinca de dançar ao passar da brisa e ao coaxar dos répteis e dos passarinhos, linda orquestra bucólica que acorda a manhã!
O sol de olhos vermelhos, ainda demonstra a sonolência de uma noite bem dormida e parece ter preguiça de cumprimentar a neblina que o recebe com seu vestuário de noiva apaixonada que o espera para caminhar com ele para junto dos pés do altar!
O farfalhar das folhas do arvoredo, entoando a segunda voz no coral da orquestra dos anfíbios e dos pássaros, faz-me feliz e confirmam em meu pensamento que, apesar de tudo, vale a pena viver.
As tilápias do lago, como crianças, brincam de corre-corre ou de nada-nada e acordam o lago que dormia seu sono tranquilo com seu lençol de águas transparentes!
Um sabiá, que faz de um tamarineiro ao lado do lago a sua residência, respira profundamente o vapor que se eleva da água, estufa o peito, exercita os músculos das cordas vocais e dá o grito de felicidade e de liberdade que somente ele sabe fazer! Um bando de maritacas, não menos felizes que o sabiá, mas, talvez com alguma inveja, corta o ar límpido com tamanha algazarra que parece ser dono do mundo!
A neblina, com seu véu gazeificado, preguiçosamente vai se elevando e se despede de sua mãe água que parece triste ao vê-la partir.
Com a ausência da neblina o sol chega com mais brilho e beija e abraça a água do lago como o faz todas as manhãs!
Acabo de assistir a um novo parto da natureza: um novo dia acaba de nascer, um novo quadro é pintado pelo artista sol recém-nascido e um novo poema será criado por um poeta embevecido!