A mulher...

A mulher...

       

                                   A Mulher...

 

 

 

    Caras mulheres do Brasil e do mundo. O dia 8 de março é o dia dedicado a vocês. Escrevi esta crônica em homenagem a vocês! Acho que vocês são as privilegiadas por Deus.

 

 

           Deus descansou no seu sétimo dia de criação. Apesar de reservar esse dia para o seu descanso, quis aproveitá-lo para admirar tudo o que havia criado, com calma. Saiu da cama cedo para ver o nascer do sol: “que coisa maravilhosa estava vendo!”.  Sentou-se debaixo de uma árvore, sobre uma pedra à beira de um regato, para observar a água correr mansa e preguiçosa sobre a rocha formando pequenas ondulações, tais quais cabelos soltos de uma formosa sereia mágica. A brisa da manhã vinha chegando calma e sorrateira para acariciar-lhe os cabelos e   beijar  as flores ribeirinhas, trazendo delas o perfume fabricado com a ajuda do sereno da madrugada. A mata, ao longe, começava a acordar com o gorjeio suave dos pássaros madrugadores e os uivos de alguns animais selvagens. Saindo da mata, uma loba, furiosa, procurava defender o seu filhote de um leão faminto, com o risco da própria vida. Mais perto, Dele, uma ovelha, recém-parida lambia com muita ternura, o borrego que acabara de nascer e tentava manter-se de pé com as quatro patas que, para ele, pareciam estar em excesso. Deus estava tão distraído, olhando  a  sua criação, que se assustou quando o anjo Gabriel sentou-se ao Seu lado, para Lhe fazer companhia:

         - Bela criação, Senhor... Que mundo maravilhoso o Senhor criou...!

         - Fiz o melhor que pude, disse-lhe o Senhor.

         - Maravilhoso, mas incompleto, falta alguma coisa, continuou o anjo.

         - Nada falta, disse Deus... Olhe esse nascer do sol maravilhoso, a água límpida desse riacho com suas ondas calmas,  a várzea coberta de flores, sinta o perfume delas... Olhe a vida acordando na mata. Olhe com que coragem aquela loba defende o seu filhote.  Vê ali, de novo,  a vida aparecendo  no campo, através daquela ovelha com o seu lindo borrego. Com que ternura ela cuida do seu recém-nascido! Você ainda me diz que está faltando alguma coisa...!?

          - Acho que sim, disse o anjo.

          - Não tenho mais nada para criar, todo o material que tinha em minha oficina divina foi gasto, não restou nada...

          - O senhor não precisa de material para criar alguma coisa, basta usar a imaginação...

          Deus entendeu o que o anjo queria dizer. Pensou por alguns instantes. Pegou a beleza do nascer do sol, a calma do riacho, com os cabelos da sereia mágica, a beleza e o perfume das flores da várzea, a carícia da brisa que chegava, o cantar sublime dos pássaros da mata, a coragem e a bravura da loba que defendia o filhote, a ternura e a dedicação da ovelha, que acabara de parir, juntou tudo e fez... A mulher...

 

 

 

       Nelson Jacintho é médico e escritor. É presidente da Academia Ribeirãopretana de Letras

 

Compartilhar: