Rua deserta... Noite solitária...
A rua está deserta...
A brisa fria da madrugada procura alguém para fustigar-lhe a face,
mas não há nenhuma face...
Um arco de lua como um bumerangue qualquer, vaga no silêncio
das profundezas do universo...
Um velho galo solta seu grito em um quintal qualquer
tentando chamar a atenção de alguém,
mas a rua continua deserta...
De repente, um gato preto, tentando confundir-se com a noite,
sobe e corre pelo muro como se estivesse na perseguição
de um fantasma...
O latido de um cão é ouvido num quintal distante...
Outros e outros respondem ao apelo do primeiro
e fazem uma orquestra canina de latidos e uivos que se perdem
no espaço ao tentar assustar crianças chorosas e mães aflitas...
Na penumbra alguém abre uma janela,
debruça-se sobre o parapeito e perscruta a noite...
A rua continua deserta!
Quem será ele?
Face lívida e desfigurada! Está só!
A brisa parece acariciar a janela dele enquanto
o bumerangue da lua toma o caminho do ocidente!
O gato preto desaparece no escuro do muro escuro!
A orquestra dos cães desmancha-se na noite...
O choro da criança e a aflição da mãe, encontram a solução
no abraço e no carinho...
A rua continua deserta aos olhos do solitário
e ao silêncio de sua alma...
É noite de Natal! É noite em que as estrelas brilham
nas alturas do céu para saudar o nascimento Daquele
que está para nascer: o menino mais importante do mundo!
Por isso, a rua está deserta e todos os barulhos do mundo
se aquietam!
Quem será aquele vulto solitário que perscruta a noite pela janela?
Um mago, um profeta?
Não sei, mas pressinto que, talvez seja um velho e saudosista poeta!