Tic-tac
Tic-tac, tic-tac
diz o relógio em plena madrugada!
O vento entreabre a janela destrancada
e o frio vem congelar meus pés descobertos
sobre o lençol!
Tic-tac, tic-tac continua o relógio
na sua incansável rotina!
Um raio de luar
penetra pela janela e vem iluminar
meu rosto amassado pelo travesseiro!
Tic-tac, tic-tac, insiste o relógio, meu
verdugo eterno e impiedoso!
A madrugada é longa e parece
ter estimulado meus sentidos!
Tapo, com as mãos, os ouvidos!
Aumenta a minha respiração!
Dispara o meu coração!
Passarinhos começam a gorjear!
Bem te vis e joões-de-barro
são os primeiros!
Têm muito brio
ou parecem não ter medo do frio!
Levanto-me! Abro a janela!
Respiro mais fundo!
Quero consumir o oxigênio do mundo!
Olho o dia que amanhece!
Não consigo rezar a minha prece!
Pego um lápis e tento escrever um poema!
Não encontro o tema!
Perco o jeito!
A poesia ainda está lá fora!
Ainda não encontrou o caminho
para chegar em meu peito!