
Parentalidade e liderança: Somos técnicos ou guias turísticos dos nossos filhos?
Já ouviu a expressão: Não vim ao mundo à passeio. Ou a pregunta: Você veio ao mundo a passeio? Essas expressões são muito utilizadas para demonstrar que as coisas na vida não são conquistadas sem esforço. As conquistas não acontecem sem metas, sem dedicação, força de trabalho e tempo. Realmente não há medalhas sem horas ou anos de muito treinamento. Para alcançar objetivos claros e algum resultado com os filhos, não basta tê-los. A mágica realmente não acontece se as famílias carecerem de modelos claros de liderança. Para ter liderança com os filhos, primeiramente é preciso ter clareza de que eles não se encaixam perfeitamente na vida que você tinha antes de tê-los. Filhos não são apenas para horas vagas ou finais de semanas. Uma nova vida precisa ser moldada, e para isso a sua vida também se remodelará. É preciso esculpir com muito propósito.
Certa vez ouvi de uma obstetra: “Preciso que os casais façam orientação parental antes de engravidar! Perguntei: É mesmo? Por que? Ela respondeu que a distância entre a expectativa e a realidade sobre ter filhos, era abismal. Ela sentia que os casais sonhavam com uma vaga ideia sobre ter filhos. Para muitos, era quase como cumprir mais uma etapa da vida, sem realmente se perguntar como seria desenvolver um outro ser humano? O que seria preciso além de objetos, além das questões materiais, para ter um filho?
A liderança parental não é algo que se conquista de uma hora para outra, mas existem algumas práticas que podem te conduzir a um processo de maior habilidade e autoridade neste caminho. A primeira coisa que proponho em orientação parental é clarear para os pais qual é a meta, o que você quer alcançar com seus filhos? Quais são os valores que enlaçam essa família? Como esses valores irão realmente abraçar o cotidiano da família, norteando a decisão dos pais? Esta é realmente uma pergunta tão profunda que todos nós achávamos quase óbvia, ou que já estava respondida pelo simples fato de que um dia decidimos ser pais ou simplesmente nos tornamos pais; mas não está.
Além da casa arrumada, do berço comprado, das contas em dia, é preciso ressignificar a sua existência tão particularizada ou individualizada, para um novo modelo, um modelo sistêmico onde cada indivíduo possui além de seus propósitos pessoais, um propósito em comum. Isto gera uma clareza de pertencimento, um legado!
Nós apresentamos o mundo para as crianças que recebemos em nossas vidas! Fazendo uma analogia, se você for um guia turístico para seus filhos, você apenas apresentará a paisagem. Tomar decisões, dizer vários nãos, se resumirão a meras regras sem objetivos maiores. Quando agimos feito guias turísticos nós não nos comprometemos a apresentar a vida real, nós apenas visitamos os pontos turísticos! Um passeio superficial pela nossa existência. Quando assumimos a postura de técnicos de alta performance, estamos determinados a formar um time, temos um objetivo, treinamos, corrigimos, orientamos, dedicamos horas, tempo, esforço, isso porque sabemos aonde queremos chegar!