QUEREMOS BOLINHA DE CHUVA!
Patrícia Manzoli
13 Out 2021 15:07
Uma homenagem a minha querida avó Yolanda.
Meio da tarde, o sol começa a enfraquecer e os pingos de chuva caem do céu! A luminosidade da casa muda e as luzes se acendem às três da tarde. Está anunciado que a brincadeira lá fora acabou! Acabaria, para quem não tinha uma avó como a minha.
Bastava chover para outra alegria tomar conta da casa. Os netos em fila, marchando e cantando: Queremos bolinho de chuvaaaa, queremos bolinho de chuva!
Imediatamente minha avó caia na risada e começava a preparar tudo. Em poucos minutos o cheiro de canela e açúcar invadia a casa e a felicidade de viver aquele dia chuvoso tornava qualquer dia especial. Nossa querida avó sempre tinha na manga um poeminha e assim quando chovia ela dizia:
Lembrança, quanta lembrança
Dos tempos que já lá vão!
Minha vida de criança
Minha bolha de sabão!
Infância que sorte cega
Que ventania cruel,
Que enxurrada te carrega
Meu barquinho de papel?
E só hoje fui saber que essa poesia dramatizada com toda pompa pela minha avó era de Guilherme de Almeida, pois na minha eterna lembrança era mais uma das coisas engraçadas que Dona Yolanda sempre tirava da manga.
O Dia das Crianças se foi agora à pouco e esta querida avó foi também...ela que gostava de algodão doce e pirulito de chupetinha, a mais levada de todas as avós.
E assim se constrói uma infância feliz, capaz de deixar em nós uma força estranha para superar a sua partida. Por isso uma força me leva a cantar...pois era assim que ela queria! Alegria, alegria de ver sol e chuva, flores e folhas, a vida composta em cada detalhe.
Um diário escrito com palavras de gratidão, ela deixou essa mensagem que espero que toque seu coração. Todas as páginas diziam: Como sou feliz!
A felicidade estava num copo de leite preparado por sua filha, na possibilidade de estar viva para comemorar aniversários dos bisnetos e na luz do sol que entrava pela janela. Se você conseguir se atentar a tudo isso , está aí a melhor receita de felicidade!
