5 Coisas que você precisa saber para não ser influenciado por um "idiota"

5 Coisas que você precisa saber para não ser influenciado por um "idiota"

Em tempos tão obscuros quanto os atuais, se manter bem informado pode não ser uma tarefa  tão simples. Diante da criação de tantas narrativas diferentes para os mesmos fatos – inclusive para os científicos- pode ser bastante nebuloso extrair conhecimento seguro das diversas fontes de informação. Esta lista se propõe a elencar os conhecimentos que este aspirante a escritor considera necessários para não ser prejudicado por informações falsas e também para  não reproduzi-las. 

1. Diferenciar estudo científico de opinião do cientista.  

Um dos grandes problemas do Brasil no ano de 2021 e um dos principais motivos até  da instauração de uma CPI, é a recomendação de medicamentos comprovadamente ineficazes por médicos e governantes. Foi confundido, o método científico, com a opinião do próprio cientista ou governante que tem por trás o especialista. Mas como foi que se deu a confusão? 

As pessoas de maneira geral, têm, e é natural que tenham, as mais variadas opiniões sobre diversos assuntos, contudo, nem sempre se baseiam em fatos científicos, ou seja, nem sempre se baseiam nos resultados obtidos por determinada pesquisa que utiliza o método científico. A maioria das opiniões provém de crenças e valores individuais, e esse dito também vale para as opiniões de cientistas. Quando um cientista expõe uma opinião fora do contexto acadêmico, ainda que seja sua área de estudo, ele está se expressando normativamente, isso significa que  ele está expondo suas opiniões com base nas suas crenças e valores individuais e não com  base em seus estudos. Seria como se ele estivesse dispondo de suas credenciais profissionais (não do seu conhecimento) para opinar informalmente sobre determinado assunto. Geralmente essas opiniões vêm acompanhadas de expressões como “Eu acho”, “Eu acredito”, ao contrário das expressões que seriam utilizadas na defesa de uma tese de doutoramento, “Meus estudos comprovam”, “Nesta análise concluiu-se que”. 

 

2. Checar, checar e checar.  

Embora um dos princípios do jornalismo seja o comprometimento com a verdade e sua transmissão de maneira neutra e idônea, nem sempre o jornalismo tem especialistas escrevendo sobre as áreas as quais noticiam, o que implica na possibilidade de que nem sempre eles tenham a versão mais técnica e, portanto, mais verdadeira ou completa dos fatos. Neste momento você pode estar se perguntando: “Então não devo confiar nos  jornais?”. A resposta a essa pergunta é sempre “Sim, você deve confiar nos jornais”, principalmente em momentos tão delicados quanto o de pandemia, mas oriento que faça isso sempre com algumas ressalvas: 

Fake news é um termo contemporâneo atrelado à veiculação de notícias falsas de origem duvidosa, essa patologia da comunicação faz com que o jornalismo mais tradicional se torne ainda mais essencial para contrastar com tais inverdades e com teorias conspiratórias. O que difere uma notícia verdadeira de uma falsa é sua fonte e maneira como a notícia é redigida. Então, é possível perceber que dependendo de sua fonte até mesmo os jornais mais consagrados podem deflagrar notícias imprecisas, e no limite, incorretas. Todavia, o jornalismo ético, comprometido com a sociedade, teria por obrigação a correção ou a retração de informações que se revelassem incorretas. Mas por diversos motivos, as fontes de informações podem não ser completamente checáveis em primeiro momento, o que não significa que as  informações obtidas não possam ser relevantes para sociedade ou não devam ser publicadas, mas com a ressalva implícita ao consumidor daquela informação de que se porventura se provar inverossímil ou incorreta pode haver correções caso o jornal se preste a tal. Como forma de evitar cair nesse tipo de armadilha, o ideal é buscar mais de uma fonte para a  mesma notícia e sempre checar se a fonte da notícia é confiável ou se a própria notícia já foi  checada nas plataformas mais conhecidas de checagem da internet. 

 

3. Todo o texto é enviesado 

O compromisso com a imparcialidade oriundo do jornalismo nos induz a acreditar que  os meios de comunicação, em geral, consigam isentar suas produções das personalidades e experiências dos seus autores, o que não é possível de ser praticado. De fato, ninguém é capaz de isentar 100% de si em algo que produz intelectualmente. Então, vale a atenção ao consumir uma informação para não reproduzir ideais que você pode não concordar ou entender completamente. 

As variáveis possíveis para o direcionamento de uma informação são muitas e elas podem variar desde preferências personalísticas à tendências ideológicas, de posicionamentos políticos à escolhas religiosas, de preferência de estilo musical à escolha do time de  coração. Fato é, que todas estas preferências passam sempre por pelo menos um filtro de escolha, o próprio autor da notícia. 

No caso de manchetes que impactam a grande massa brasileira direta ou indiretamente, as notícias políticas e econômicas, além da interferência do autor, a escolha do que  noticiar revela também uma forte interferência do veículo. Esta interferência é perceptível na ênfase dada a certos acontecimentos, no destaque dado a notícia na revista ou página de internet e até mesmo no número de palavras dedicadas à reportagem. Todos esses, são  fatores que revelam muito sobre o posicionamento do veículo. 

 

4. Alguns conceitos Políticos 

Antes de definir seu posicionamento político, vale sempre pesquisar sobre as origens e os significados atuais e contextuais dos posicionamentos políticos mais comuns. Atualmente alguns conceitos estão sendo esvaziados ou deturpados, pois as práticas atribuídas a eles não correspondem às suas definições teóricas. 

A história por trás dos conceitos políticos de esquerda e direita remonta à Revolução Francesa. Na França do século XVIII, os grupos políticos antagonistas, os Jacobinos e Girondinos sentavam em posições opostas da assembleia nacional, os Jacobinos à esquerda e os Girondinos à direita. Desta polarização, mais especificamente do debate entre o político irlandês Edmund Burke que se posicionava contra a Revolução Francesa e o inglês Thomas Paine que a defendia, surge a demarcação do conservadorismo e do progressismo político. 

Posicionamento de Esquerda: os Jacobinos, ocupantes da posição mais à esquerda da  assembleia, defendiam posições políticas mais radicais (em relação ao que estava em vigor) e  de caráter popular. 

Posicionamento de Direita: os Girondinos, ocupantes da posição mais a direita da assembleia, defendiam posições políticas mais moderadas e de caráter conservador. 

Conservadorismo: doutrina política que valoriza a manutenção de valores, tradições e estruturas sociais. 

Progressismo: doutrina política que valoriza a razão e a reforma de valores por meio de ideias de cunho científico.

Em teoria, o progressismo pode ser uma corrente tanto de esquerda quanto de direita. Todavia, no Brasil, as pautas que são identificadas como mais progressista são as de causas sociais, logo, se associam mais à esquerda. 

 

5. Alguns conceitos Econômicos 

Ideologias políticas se estendem ao campo econômico muito comumente, mas é preciso entendê-las separadamente, afinal, são de áreas de estudo distintas que  possuem teorias e conceitos distintos. No campo econômico, o antagonismo e a  confusão ideológica, se concentram principalmente sobre as teorias do liberalismo econômico e do seu oposto, a teoria keynesiana. 

Liberalismo Econômico: consiste na ideia da liberdade para a economia, sendo ela livre de interferências do Estado.  

Keynesianismo (Intervencionismo): Nesta teoria, o Estado deveria intervir na economia  sempre que fosse necessário, a fim de evitar a retração econômica e garantir assistência social. 

O liberalismo remonta do século XVI surge em resposta ao mercantilismo que possuía fortes  raízes intervencionistas. Já o Keynesianismo surge no século XIX em oposição às correntes liberais e marxistas, sugerindo uma intervenção moderada do Estado na economia. Em um momento de crise, a teoria keynesiana parece ser a escolha óbvia, afinal, ninguém é  favorável a deixar pessoas morrerem esperando as “forças de mercado” equilibrarem tudo. Entretanto, basta analisar como é a retomada de países atingidos por uma mesma crise, mas que priorizam uma ou outra teoria na sua economia e a polêmica se apresentará. 

Essa foi uma apresentação simplificada e rápida de conceitos complexos. Em momentos tão dramáticos para a ciência, em geral, reforço a necessidade de checagem e aprofundamento  teórico, inclusive das informações aqui oferecidas, as fontes estarão listadas, assim como algumas sugestões de sites para checagem de notícias e alguns outros sites para aprendizagens  mais profundas. 

 

Texto escrito por Leonardo dos Santos Biondi, estudante de Economia Empresarial e Controladoria na FEA-RP/USP.

Imagem: Freepik

Referências:

https://www.politize.com.br/conservadorismo-pensamento-conservador/ https://www.politize.com.br/progressismo-o-que-e/ 

https://www.politize.com.br/keynesianismo-ou-liberalismo-caminhos-em-cenarios-de crises/ 

Agências de checagem 

https://piaui.folha.uol.com.br/lupa/ 

https://g1.globo.com/fato-ou-fake/ 

https://www.factcheck.org

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