Futuros líderes devem saber de exatas e humanas, diz professor norte-americano

Futuros líderes devem saber de exatas e humanas, diz professor norte-americano

Futuros líderes devem saber de exatas e humanas, diz professor norte-americano

Mariana Tokarnia - Agência Brasil - 05/09/2014 - Brasília, DF

A educação precisa se reinventar se quiser preparar os jovens para o mundo em que vivemos, disse o professor emérito do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, Woodie Flowers. `A educação liberal do século 21 tem que ser muito diferente da educação de 1800, 1900. O mundo está acelerando e se você não aprender algo novo todos os dias, não vai conseguir acompanhar`, acrescentou, Para Flowers, `os Estados Unidos têm que mudar drasticamente e, pelo que vi aqui [durante a Olimpíada do Conhecimento, que ocorre em Belo Horizonte], acredito que o Brasil também tem que mudar drasticamente`.

Nesse processo, as tão temidas disciplinas de exatas não podem ficar de fora, pelo contrário, são necessárias para uma boa formação e devem ser bem aprendidas. `As pessoas que querem ser bem-sucedidas, que querem ser líderes, têm que ficar com um pé nas exatas e um pé nas humanidades, têm que ter uma visão balanceada. Não podem estar em uma sociedade high-tech [de alta tecnologia], cercadas de seres humanos com necessidades complexas sem ter conhecimento de ambas`.

Flowers lecionou engenharia mecânica no MIT e foi o responsável pela popularização das competições de robótica no instituto, ainda na década de 1970. É dele o conceito de gracious professionalism - competição amigável - que, em palavras simples, é uma forma de trabalho que encoraja a qualidade e enfatiza o valor da equipe. A conduta foi a que guiou o Festival Internacional de Robótica First Lego League (FFL), que ocorreu simultaneamente à Olimpíada do Conhecimento, na capital mineira.

Quando fala em mudança, o professor não se refere tanto aos conteúdos que são ensinados, mas à forma como são ensinados. `Treinar e educar são coisas diferentes. Eu acredito que eles se sobrepõem, mas que são diferentes. Aprender cálculo é treino. Aprender a pensar usando cálculo é educação. Aprender uma língua é treino. Aprender a comunicar requer educação`. Com um smartphone na mão, ele comenta: `Essa revolução surgiu em um tempo extremamente curto. É incrível o tanto que mudou nos últimos dez anos. E isso vai demandar mudanças na forma como a educação é feita`. Para ele, a educação deve estimular a criatividade, o senso de comunidade e abrir portas para o conhecimento.

`Cálculo é considerado uma disciplina complicada, mas não é. As pessoas pensam nela como algo que não podem fazer. Muitas coisas nessa vida são acessíveis, mas ensinamos de maneira errada`, diz. `Alguém precisa abrir a porta e uma vez que as portas estejam abertas, as crianças despontam`.

Flowers participou da FFL, que terminou ontem (4). Da primeira visita ao Brasil, ele levará uma camiseta cheia de assinaturas e recados dos estudantes e das pessoas que conheceu. Um hábito que desenvolveu ao longo da carreira para fugir das malas cheias de presentes dos competidores.

A FFL integrou a programação da Olimpíada do Conhecimento, a maior de educação profissional das Américas, realizada de dois em dois anos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). O evento está na oitava edição e ocorre em Belo Horizonte até amanhã (6). Participam mais de 700 jovens.

 

Compartilhar: