Por trás das máscaras

Por trás das máscaras

Quem nunca sentiu que não poderia expressar o que realmente pensa ou sente em determinada situação?  E quem se manteve assim por dias, meses ou até mesmo anos para poder sobreviver em determinado grupo na sociedade? Quem nunca negou o que sente ou acredita para não ser julgado por um 'amigo' ou  colega de trabalho? E assim, se continuarmos pensando, podemos lembrar de diversas outras situações que muitos de nós (para não dizer todos) já vivenciamos e tivemos que lidar com esse conflito entre o que é privado e público.

Segundo Nietzsche, a principal mentira é a que contamos a nós mesmos. O que podemos entender dessa frase? E qual seria o peso dessas mentiras internas para você? Isso, não para o outro, mas para você?

Em certa medida acredito que seja impossível sermos completamente verdadeiros com nossa essência em todos os ambientes e contextos em que nos inserimos, pois quando vou para o trabalho, deixo um pouco da minha essência em casa, que é particular da minha vida privada. Assim como ao ir em um encontro de família, parte da minha essência profissional também fica de fora e, assim, sucessivamente em várias situações de nossas vidas. O problema maior, acredito eu, é quando não temos um local seguro para retornar. Você deve estar se perguntando, como assim?

 O que quero dizer é que utilizamos, sim, algumas máscaras ou disfarces no nosso dia a dia e utilizá-las nem sempre é apenas prejudicial, pois se a usamos é porque sentimos necessidade de nos proteger e/ou nos defender de uma ameaça ou exposição. A questão maior que vejo muito no consultório e, também, no dia a dia é a pessoa utilizar tanto de máscaras que chega a um ponto de não saber para onde retornar,  isto é, não conseguir encontrar sua essência em meio às diversas e frequentes máscaras e negações do seu mundo psíquico para se adequar a algum contexto social.

Portanto, ir trabalhar e usar a máscara do profissional não é tão ruim quando você sai do seu ambiente de trabalho e consegue se conectar novamente com você mesmo, com seus princípios e crenças. No entanto, percebo o peso que muitas pessoas carregam ao se perceberem perdidas em meio a tantas máscaras e farsas compartilhadas em suas rotinas de vida. É como se ao tirar as diversas máscaras não encontrassem mais suas faces ou como se ao se olharem no espelho não reconhecessem mais quem de fato são, o que desejam, acreditam ou sentem. Muitas vezes o reflexo que enxergam está borrado, desfigurado e necessitam, então, de ajuda para se encontrarem novamente.  

Então, nesse texto queria chamar a atenção para a possibilidade de convivermos em sociedade de forma mais integrada e verdadeira com o que somos. Não precisamos escancarar a janela de nossas almas para o colega do trabalho, mas também não precisamos utilizar máscaras tão duras e poderosas que nos impedem de sermos verdadeiros com o que sentimos, acreditamos e somos.  Que possamos, então, reconhecer e equilibrar de forma saudável aquilo que queremos e somos e o que querem e esperam de nós para que as máscaras que usamos em nosso dia a dia não abafem os indivíduos que verdadeiramente somos!

Compartilhar: