Quando o fim do ano bate à porta

Quando o fim do ano bate à porta

Eis que aqui estamos outra vez. O segundo semestre chegou, Agosto passou vagarosamente, Setembro, Outubro e Novembro mais pareceram um mês só e Dezembro, então, se instalou.  É incrível como parece que a cada ano o tempo está passando mais rápido e quando vemos já estamos enfeitando nossas casas novamente, combinando confraternizações, revelando amigos secretos e decidindo onde será a ceia de natal.

Percebo que nesta época volta um sentimento infantil  de que tudo será abençoado e iluminado de uma forma diferente, como se tivesse um perfume diferente no ar, um frescor de esperança e vontade de compartilhar carinho, presentes, presença e muito amor. No entanto, percebo também um certo pesar e sentimento nostálgico em muitas pessoas, em especial nos mais idosos ou em quem sofreu alguma perda difícil de ser elaborada.

No caso dos idosos é nítido o pesar de não ter mais a família toda por perto, seja por alguns já terem falecido ou por seus filhos, sobrinhos e netos se dividirem em suas novas configurações familiares. É uma época que nos faz olhar para trás, para o que fizemos ou que gostaríamos de ter feito e para tudo que poderia ter sido diferente. Assim, é como se algumas feridas do passado se abrissem e doessem novamente.

Este momento pode ser, então, uma oportunidade para olhar para dentro de si mesmo, enxergar seus sentimentos, dar voz aos pensamentos que foram abafados ao longo do ano, pois nunca havia tempo para isso. Parece que com a chegada do fim do ano e a finalização de algumas atividades e obrigações a mente pode enfim ter um descanso e as emoções podem fluir.

Também é possível notar que nessa época muitos lutos aparentemente bem elaborados voltam à tona. Talvez porque esta época nos remeta a estar com pessoas queridas e que amamos. Daí a saudade aperta, as lembranças aumentam e os discursos nostálgicos podem ser mais frequentes, podendo até gerar sintomas mais graves de melancolia. Nesses casos é muito importante o apoio da família, amigos, vizinhos ou de pessoas que possam dar suporte e possam vivenciar junto com o outro esses sentimentos.

Esse apoio e compreensão é fundamental, pois muitas pessoas além de se sentirem mais sensíveis e melancólicas, cobram-se estarem felizes e festejando, pois esta é a imagem mais propagada do Natal, não é mesmo? Pessoas muito felizes, reunidas com a família e comemorando. Como pode, então, no meio deste contexto ter alguém que não se sinta tão feliz? Ou ainda, que se sinta feliz, mas que ao mesmo tempo também carregue dentro de si mesma a ambivalência do despertar das lembranças?

Pois bem, você pode se sentir assim. Não só nas festividades de fim de ano, mas em vários momentos do seu ano, do seu mês ou do seu dia. Todos nós temos o direito de ficar tristes, de chorar, sensibilizar-se e isso não nos impede de sermos também felizes e de podermos comemorar. A exigência de estar sempre bem e feliz que nos atrapalha. Nossos sentimentos e emoções podem ser livres!

A psicoterapia pode ajudar bastante neste processo, uma vez que tem a função de facilitar que o sujeito entre em contato com seus sentimentos, pensamentos, situações do dia a dia e, deste modo, possa estar mais conectado consigo mesmo, podendo experimentar a diversidade de emoções e sentimentos que existem.

Que neste natal vocês possam ser vocês mesmos, com seus sentimentos ambíguos, porém verdadeiros!

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