Tinha um conteúdo no meio do caminho.  No meio do caminho tinha um conteúdo.

Tinha um conteúdo no meio do caminho. No meio do caminho tinha um conteúdo.

Saudades de Drummond, da simplicidade e do tempo em que apesar das pedras, havia um caminho. Hoje, quantas palestras iguais, quantos raciocínios semelhantes, quantas buscas idênticas pelo diferente. Quantos memes encaixados em conteúdos sérios, numa tentativa de sair da "memisce". Sim. É uma crise labiríntica. Crise que parece acontecer na forma mas traz o conteúdo na essência. Vamos pensar no que acontece na Educação, por exemplo: evasão escolar altíssima, além um déficit de atenção que chama a atenção. Resultados de um  conteúdo que deixou de ser atrativo há muito tempo e de uma forma que acaba desvalorizando o próprio conhecimento.

 

Mas, como não há mal que dure para sempre, no auge desses problemas, surge “o fazer", a interação, enfim, “o aprender por projetos” como uma alternativa. Mas antes de mais nada é preciso ensinar a aprender por projetos. Sim. Para uma parte significativa da população, isso é imprescindível, mas existe uma outra que parece já “nascer sabendo”, como se dizia antigamente, veja só.

 

Em visita a uma instituição de ensino superior na Grande São Paulo, fui apresentado a uma grade curricular que estava mais para “liberdade” do que para grade. Em toda a amplidão, dessa grade que liberta,  a Tecnologia da Informação, o Empreendedorismo e a Liderança são os eixos por onde giram todas as disciplinas básicas. Mas o que une tudo nesse sistema são os projetos. Como?  Vou ressaltar aqui 2 deles que me foram apresentados pelos próprios alunos que os criaram. No primeiro, uma ONG queria resolver o problema da falta de conhecimento sobre direito e política da nossa população, principalmente os estudantes de escolas públicas. Já no segundo,  uma Instituição Financeira necessitava aproximar os mais jovens do assunto “investimentos”.  

 

Bem. Vamos analisar o método do primeiro deles: imagine o quanto uma aula sobre a Constituição, direitos e deveres, pode ser, digamos, desinteressante. Não porque a Constituição não seja importante, mas sim pela quantidade de informação, a princípio descontextualizada presente nesse documento tão fundamental. O que os alunos fizeram para resolver o problema? Criaram uma cartilha, um filme, fizeram uma live? Não, nada disso. Criaram um game com o título: Eu, Presidente? É isso mesmo, o avatar do jogo é um Presidente, e controlando as suas ações e decisões, você participa de reuniões com Ministros e também vai ao Congresso defender ou atacar ideias, enfim, escolhe caminhos a cada encontro de acordo com as suas convicções e com os princípios constitucionais. A partir disso, a mídia pode apoiá-lo ou não, assim como a população. Algoritmos simulam as reações aos seus atos, enquanto você vai descobrindo informações sobre a constituição a cada nova fase do jogo. Todo o processo de busca de informações no cliente, criação de cenários e enredo do jogo, programação, fica a cargo dos alunos, sempre orientados por professores que têm a missão de realizar mínimas intervenções. 

 

Uau! Agora, imagine a diferença que faz, para os alunos que desenvolveram o jogo, ingressar no mercado com algo dessa envergadura no currículo. Yeah! Quanto ao segundo projeto, aquele solicitado pela Instituição Financeira para se aproximar dos jovens, só vou adiantar que o nome dele é Make me rich. E recomendo que você faça uma pesquisa para saber mais sobre ele e sua aplicabilidade. Faça isso. Porque fazer algo parece ser a solução para muitos problemas nesses tempos em que todo mundo parece não saber o que fazer com tanto conteúdo no meio do caminho.  

 

Crédito Imagem: http://www.rio.rj.gov.br/web/guest/exibeconteudo?id=5884168

 

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