A redescoberta do Brasil

A redescoberta do Brasil

Neste dia 22 de abril oficialmente comemoramos 517 anos da descoberta do Brasil pelos portugueses. Existem várias teorias que contestam esta data, seja pelo fato que de o Brasil já era habitado e, portanto, não podemos chamar de descoberta a simples chegada dos lusitanos, é uma forma de criticar a visão eurocêntrica que impera sobre a história da América Latina. Também há quem conteste a data em si, pois existem várias evidências da vinda de navegantes ibéricos antes de Cabral. Toda esta discussão é valida, mas não é o foco desta matéria, futuramente voltaremos a ela.

O que proponho é uma reflexão sobre uma “nova descoberta” que vem ocorrendo diariamente no Brasil, e que guarda certa similaridade com a ocorrida em 22 de abril de 1500. Em 1500 ocorreu um choque entre dois mundos, um se tornou explorado e o outro explorador, os nativos impotentes ante as armas dos portugueses sucumbiram e foram submetidos, a cruz e a espada europeia se abateram sobre as terras tupiniquins e forjaram uma nova civilização.

De lá para cá moldamos uma sociedade sincrética e miscigenada, criada sob o falso signo de uma democracia étnica, de um povo unido, de uma sociedade sem grandes preconceitos, sem extremismos religiosos, exemplo de convivência harmoniosa entre os diferentes, até a pobreza parece menos cruel por aqui. E nos venderam tão bem este ideia falsa que até hoje ainda acreditamos nela.

Mas passados 517 nos obrigaram a tirar o véu que nos cegava, e vemos novamente um país dividido entre exploradores e explorados, entre poderosos e oprimidos, entre corruptos e corrompidos. Os novos “conquistadores” se entrincheiraram nas fileiras das estatais, dos órgãos púbicos, dos ministérios e das secretarias, e de lá criaram mecanismos para nos explorar e nos humilhar, assim como os portugueses fizeram com os nativos a mais de 500 anos atrás.

Mas diferentemente dos nativos, nós temos a chance de mudar essa história, temos o voto e temos a lei, mesmo com todos os problemas e limites. Estamos no limiar de um novo momento: arrancaremos de vez o véu e veremos todos os problemas com a coragem de mudá-los ou o colocaremos de volta sem querer encarar a verdade?

Está na hora de descobrirmos o Brasil novamente.

 

 

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