Educação brasileira: quando discutiremos o que verdadeiramente importa?

Educação brasileira: quando discutiremos o que verdadeiramente importa?

 Olá caros leitores e leitoras.

Que a sociedade brasileira vive um momento conturbado, marcado pelo confronto de ideias e pelo antagonismo de posições políticas, todos percebem, não é necessário ser cientista social para averiguar a realidade deste fato, basta abrir uma conta em uma rede social e ter o atrevimento de publicar sua opinião, ou você será elevado à categoria de guru, não importa qual seja o assunto, ou será pulverizado como um verme, pelos que discordam de sua modesta visão de mundo, ninguém mais têm o direito de opinar sobre nada e sair incólume desta experiência.

Antes de continuar a digitar as próximas letras, quero deixar bem claro que sou totalmente favorável a liberdade de expressão e ao livre debate, e infelizmente não é isso que está ocorrendo, aceitar somente ideias que reforçam sua visão de mundo é fácil, experimente exercitar a reflexão, a empatia e a tolerância, te garanto que no mínimo você se tornará uma pessoa melhor e mais inteligente.

Tudo isto posto, vemos essa onda de intolerância se espraiar pela educação. Nas últimas semanas vimos passeatas contra e a favor do corte, ou contingenciamento, da verba destinada à educação, assistimos aos debates em torno da proposta batizada com o singelo nome de “Escola Sem Partido” e já se abriu a triste ideia de se retirar de Paulo Freire o título de patrono da educação brasileira, visto que ele é o único responsável pela crise educacional do nosso país.

Na verdade, essas três discussões mencionadas acima, nem deveriam ocorrer, são superficiais e periféricas. Tirando ou não o título tão bem ostentado por Paulo Freire, dando ou não total liberdade de expressão para os professores ou os amordaçando sob o véu moralista da Escola Sem Partido, o fato mais importante, e que não está sendo discutido, é que nossos alunos não aprendem absolutamente nada.

Segundo os dados de 2015 do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) revelam que 60% dos estudantes brasileiros possuem um nível de conhecimento em Ciências abaixo do esperado, na América Latina nossos índices são melhores que os do Peru e da República Dominicana, todos os demais países têm índices melhores, inclusive a falida Venezuela.

Se olharmos para outras disciplinas a situação não melhora, em Língua Portuguesa a maioria dos estudantes brasileiros não consegue localizar informações explícitas em artigos de opinião ou em resumos e em Matemática a maioria dos estudantes não é capaz de resolver problemas com operações fundamentais com números naturais ou reconhecer o gráfico de função a partir de valores fornecidos em um texto.

Só 1,62% dos estudantes do último ano do ensino médio que fizeram os testes do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) de 2017 possuem conhecimento adequado de Língua Portuguesa, 7 de cada 10 alunos têm nível insuficiente em português e matemática, diz o MEC.

A Unesco, braço de educação e cultura da Organização das Nações Unidas, divulgou em 2011 um estudo intitulado The Education for All (EFA) / Global Monitoring Report (GMR), que tinha como objetivo medir o desempenho escolar em 127 países, e o Brasil ficou na 88ª posição. A Educação brasileira tem suas metas, diretrizes e estratégias estabelecidas pelo Plano Nacional de Educação (PNE) e dentre estas metas 80% estão atrasadas.

Portanto, caro leitor ou leitora, a discussão sobre o que seus filhos deveriam aprender ou não na escola é estéril, uma vez que independente da ideologia, nossos jovens não estão aprendendo nada, deveríamos focar nossas discussões primeiramente nisso.

Deveríamos discutir sobre metodologias de ensino, sobre conteúdos, formação de professores, estratégias de aprendizagem, ou seja, sobre questões que ajudariam nossos alunos a aprenderem mais e melhor, todo o resto é perfumaria. 

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