Independência do Brasil?

Independência do Brasil?

A historiografia oficial brasileira ensina que no dia 7 de setembro de 1822, as margens do rio Ipiranga, o então príncipe regente D. Pedro I proclamou a independência do Brasil. Independência impar na história mundial, uma vez que ela veio sem problemas, sem uma grande revolução que banhasse o solo nacional com o sangue do bravo povo brasileiro.

Existem algumas contradições entre a história oficial e a que ocorreu de verdade, tivemos sim uma guerra civil, algumas regiões do nordeste, em especial a Bahia, não aceitaram de imediato a coroação de D. Pedro I, que contratou mercenários britânicos, liderados por Lorde Cochrane, para impor seu governo de uma vez por todas.

Mas para que tocar neste ponto? O brasileiro se orgulha tanto de ser um ser cordial e amável, não somos como os estadunidenses, tão orgulhosos de suas guerras, eles cantam “E os foguetes, clarão vermelho, as bombas que estouram no ar” e nós vivemos “deitado eternamente em berço esplendido”.

A verdade é que a independência do Brasil foi um movimento aristocrático, elitista, que impediu a participação popular, caso único na história em que um país rompe com sua antiga metrópole, mas mantém o mesmo sistema de governo (monarquia), o mesmo regime de trabalho (escravidão) e o pior, coloca como chefe máximo da nação recém libertada o filho do rei que a governava.

E ao longo de outros grandes eventos históricos nacionais o povo, “impávido colosso”, assistiu e não participou, foi assim com a abolição da escravatura, com a proclamação da república, com o golpe de 64.

A forma como se deu a independência do Brasil forjou um modelo de mudança nacional, somos um povo a espera de um herói que nos salve, que mude tudo sem grandes atropelos e sem sangue, clamamos por Pedros, Isabéis, Deodoros, Tancredos e Moros. E assim caminhamos de escândalos em escândalos, de impunidades em impunidades. Concordo que já melhoramos, estamos mais participativos, mas ainda é pouco, é necessário cobrar, reivindicar e acompanhar, temos que tomar as rédeas de nossa história para enfim “ver contente a mãe gentil”, nem que para isso seja necessário “Ou ficar a pátria livre, ou morrer pelo Brasil”.

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