A mentira da felicidade eterna e o fracasso da educação

A mentira da felicidade eterna e o fracasso da educação

Olá caros amigos leitores.

Todos têm o direito de perseguir a felicidade, somente pessoas com algum transtorno psicológico cultuam a tristeza e a infelicidade, é normal tentar ser feliz. Mas também é natural ser infeliz, é aceitável, pelo menos pela psicologia, ter momentos de infelicidade, o importante é manter a calma nos dois momentos, não há felicidade, nem tão pouco, tristeza eterna.

Mas o que a busca pela felicidade tem a ver com o fracasso da educação?

No século XVIII, na Inglaterra e não na França como a maioria acredita, nasceu um movimento cultural e intelectual, que ficou conhecido para a posteridade com o nome de Iluminismo. Este movimento lutava pela Igualdade jurídica e de oportunidades, pela Liberdade de expressão, de pensamento e de comércio, resumiu-se a ideologia pela tríade Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Além destes lemas, mundialmente reconhecidos, o Iluminismo também defendia que o destino do ser humano era ser feliz, e que as próximas gerações, inevitavelmente, alcançariam este estado de espírito, as novas tecnologias, advindas da Revolução Industrial, dariam as pessoas mais tempo de lazer, de ócio produtivo e, portanto, de felicidade.

Mas os séculos se passaram e muitas destas promessas não se realizaram, cada vez estamos trabalhando mais, passando menos tempo com nossas famílias, compramos casas luxuosas e confortáveis, mas passamos mais tempo em nosso trabalho e no trânsito, ainda bem que os carros também evoluíram, nunca passamos tanto tempo dentro de um meio de transporte como atualmente.

Palestrantes, coachings e gurus (adoro esta última expressão) estão ganhando fortunas a ensinar como ser feliz neste mar de desilusões, somos a geração autoajuda, precisamos que alguém nos ensine “O Segredo”, caramba “Quem mexeu no meu queijo?”.

Os novos gurus da educação (que saudades do Paulo Freire) resumiram o processo de ensino e aprendizagem a uma fórmula mágica (e vazia) de que os alunos, assim como os seres humanos tem que ser feliz, que só há aprendizado se for recheado de felicidade.

Pregam que educação tem que ser centrada no aluno e em seus interesses, acredito nisso também, mas não só nisso. Aprender, assim como tudo na vida, não é um eterno êxtase de alegria, uma epifania de felicidade. Há de se saber lidar com medos, frustrações, erros e infelicidades, existem assuntos chatos sim, mas necessários.

Mas nos ensinaram que temos que ser sempre felizes? E quando os professores nos tiram este direito, o que devemos fazer? Conversaremos, jogaremos sapatos e comeremos provas e se for preciso partiremos para agressões físicas, tudo pela felicidade. Segundo pesquisa global da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) o Brasil é o líder mundial em agressões a professores, uma pesquisa feita em 2015 pelo Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo (Apeoesp) apontou que 44% dos docentes que atuavam no estado disseram já ter sofrido algum tipo de agressão.

Mais do que conteúdo, nossos jovens precisam aprender a conviver com tristezas, frustrações e infelicidades, mais Friedrich Nietzsche e menos Sri Prem Baba, por favor.

 

 

 

 

 

Compartilhar: