O chato do politicamente correto

O chato do politicamente correto

Para iniciarmos esta coluna, vamos à definição: politicamente correto é uma definição dada a alguém ou instituição, que segue as normas e leis estabelecidas por uma instituição legalmente reconhecida.

Pessoas politicamente corretas procuram evitar uso de narrativas estereotipadas ou que possam fazer referências às diversas formas de discriminação existentes, como o racismo, o sexismo, a homofobia etc., empresas que se enquadram neste perfil são aquelas que seguem padrões e exigências de cunho social e ecológico.

Sendo assim, podemos concluir que o politicamente correto é o certo. Ou não?

A discussão em torno desta prática tomou conta da sociedade, e vemos a polarização da discussão sobre os limites do politicamente correto.

Os defensores alegam que todo tipo de discriminação deve ser combatida, que é melhor ser chato do que ser preconceituoso, e que mesmo por trás de piadas, supostamente inocentes, se reforça o preconceito latente em nossa sociedade.

Já os críticos dizem que o mundo ficou muito chato, que ninguém mais pode ser “zoado”, que antigamente não era assim, que ninguém ficou traumatizado por ter sido alvo de brincadeiras na juventude. Será mesmo? Quantas vezes demos voz às vitimas destas “brincadeiras”? Será que nenhum adulto carrega nenhum trauma de infância por ter sido vitima das “brincadeiras” dos colegas?

Há quem se vale de exemplos, e um dos mais famosos se refere aos “Trapalhões”, dizem que se fosse hoje o Didi já teria sido processado, que o programa teria sido tirado do ar, pois o “cearense”, também vítima de preconceito, vivia a “sacanear” o Mussum, porque ele era negro e bêbado, o Dedé, estigmatizado como gay, e o Zacarias, por ser careca, baixinho e gordo, e não se esqueçam do Tião Macalé (negro, feio e pobre) da Vera Verão (negro e gay) e tantos outros tipos caricaturais.

Às vezes me pergunto se realmente o Mussum nunca se incomodou com a “brincadeira”, ou se talvez ele simplesmente tenha se calado para manter o emprego, infelizmente não temos como saber.

Tente se imaginar sendo vítima diária de uma “brincadeira” que não muda, que se repete constantemente, se coloque no lugar de alguém que cotidianamente é chamado de “grande pássaro” (como era chamado Mussum) de “santa” (como era chamado Dedé), e o pior, se você reclamar é tido como “apelão” e sem senso de humor.

O fato é que algumas “brincadeiras” já perderam a graça faz tempo, e como os seres humanos raramente conseguem encontrar um equilíbrio em suas atitudes diárias, eu apoio incondicionalmente o politicamente correto.

Note uma particularidade, normalmente quem acha o politicamente correto chato, é homem, branco e heterossexual, assim é fácil ser politicamente incorreto.

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