O mito do dom e o apagão educacional brasileiro

O mito do dom e o apagão educacional brasileiro

Olá, meus caros amigos.

Neste dia 15 de outubro comemora-se o dia do professor e me pergunto o que há para ser celebrado, uma vez que os dados referentes ao déficit no número de professores no Brasil são alarmantes.

Segundo a última estimativa divulgada pelo Ministério da Educação (MEC), faltam cerca de 170 mil professores de educação básica no Brasil e dentre os que estão em sala de aula, 50% não têm formação específica na disciplina em que lecionam.

Em contrapartida, consoante à pesquisa realizada pelo professor José Marcelino de Rezende Pinto, da Universidade de São Paulo (USP), o número de licenciados formados entre 1990 e 2010 seria suficiente para atender à demanda atual por docentes em todo o país. O estudo aponta para a necessidade de tornar a profissão mais atrativa e de incentivar a permanência estudantil na área. Isso porque o número total de vagas na graduação é três vezes maior que a demanda por professores estimada nas disciplinas da educação básica. Em todas as áreas, só as vagas de graduação nas universidades públicas já seriam suficientes para atender à demanda.

Muito já se discutiu sobre os motivos de nosso eminente “apagão educacional”: baixos salários, falta de plano de carreira, crescente violência para com o profissional da Educação, entre outros fatores, mas, nestas linhas, quero refletir outro fator, que na minha visão também contribuiu para a carência de professores: o mito do dom.

No meio docente é muito comum ouvir que fulano tem ou não dom para dar aula, como se ser professor fosse algo nato, inspiração pura e indeterminada, uma vocação predestinada. Concordo que certas pessoas nascem com certa predisposição genética para certos trabalhos, por exemplo, uma pessoa de baixa estatura dificilmente será ponteiro em um time de voleibol, da mesma forma que alguém muito grande não conseguirá ser um grande jóquei.

Ser professor não é um dom físico, não é uma predisposição biológica, visto que dar aula exige técnica, método, estudo, dedicação e muita leitura. Que existam professores mais carismáticos, posso concordar, mas ser educador não é só simpatia, pois a docência pode ser aprendida, assim como é possível aprender a dirigir um carro, um avião. Eu, por exemplo, nunca aprendi a empinar de bicicleta, mas sempre fui para onde quis, cai várias vezes, é claro, contudo aprendi, assim como já dei diversas aulas que não foram um sucesso e muitas outras assim virão, todavia sempre continuarei a estudar para melhorar ainda mais.

Ser professor não é um sacerdócio, é oficio, é labor e o mito do dom afasta muitas pessoas que poderiam ser bons professores, porque algum dia ouviram de alguém que ele não tinha nascido para essa profissão.

Ps. Este texto foi gentilmente corrigido pelo meu amigo e grande professor Gabriel Marchesini

Fontes: 

https://www.em.com.br/app/noticia/especiais/educacao/2015/08/20/internas_educacao,680122/desinteresse-cresce-e-faltam-170-mil-professores-na-educacao-basica.shtml

https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2017/01/1852259-quase-50-dos-professores-nao-tem-formacao-na-materia-que-ensinam.shtml

https://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,pesquisa-mostra-que-nao-falta-professor-mas-interesse-de-seguir-a-carreira,1552687

 

 

 

 

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