Todo poder aos jovens

Todo poder aos jovens

Há 50 anos a França era governada pelo herói de guerra Charles de Gaulleu, um homem de notória importância para a vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial. Mas aquela primavera parisiense alimentava uma grande insatisfação, que colocaria o grande general contra a parede.

Jovens estudantes passaram a contestar o status quo, e através de manifestações, muitas delas violentas, exigiam uma sociedade mais liberal e menos reacionária. Contestavam o capitalismo, o governo de Gaulle, a xenofobia, o machismo, o sistema educacional e mais uma incontável lista de coisas, o importante era o debate e a critica em si.

Embalados pelos sonhos juvenis os operários foram às ruas, fizeram greves e exigiram melhores condições de trabalho, no auge do movimento, dois terços dos trabalhadores franceses cruzaram os braços, a rua era do povo, e a repressão parecia não ter forças para conter a onda de insatisfação.

Mas o presidente tinha suas artimanhas. No dia 30 de maio de Gaulle convocou eleições para junho, prometeu aumento salarial para os trabalhadores, e as urnas derrotaram os ideais da juventude.

Mas os ventos que nasceram nas largas ruas de Paris voaram, e levaram para vários jovens do mundo um exemplo político. No Brasil dos militares, mais de cem mil pessoas, obviamente liderados por jovens estudantes, foram às ruas pedir o fim da ditadura, desencadeando a instituição do AI5, foi o “golpe dentro do golpe”, e a partir dessa lei de exceção, milhares de pessoas foram mortas, perseguidas, torturadas e exiladas, era proibido discordar dos presidentes generais.

E hoje, nutridos por uma onda de medo e de desesperança política, vemos jovens pichar nos muros das ruas e a propagar pela internet o apoio a uma nova intervenção militar.

Que nossa democracia está doente é fato, mas uma nova ditadura militar seria mesmo o melhor remédio?

Que mundo maravilhoso era aquele em que os jovens iam as ruas brigar por liberdade e não por repressão.

 

 

 

 

 

 

 

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