Tragédia em Suzano: que matem a esperança

Tragédia em Suzano: que matem a esperança

Olá meus queridos leitores.

Nos últimos dias fomos assombrados por novos massacres, o mais brutal, para nós brasileiros evidentemente, ocorreu em Suzano dia 13 março, dois covardes atiradores mataram 10 pessoas e feriram mais 11. Após a infeliz tragédia (chamo de infeliz por me faltarem adjetivos para qualificar tal ocorrência) centenas de especialistas, e obviamente não especialistas, se debruçaram sobre o assunto para tentar entender, o que muitas vezes não tem entendimento.

Na minha modesta opinião, nenhum dos motivos elencados são suficientemente fortes para justificar um ato tão extremo e violento como o ocorrido.

Alguns falam que a culpa é a ausência de figuras paternas, no Brasil temos 5,5 milhões de crianças que não tem sequer o nome dos pais nos registros, me assusta a possibilidade de termos tantos assassinos em potencial espalhados pelas ruas brasileiras.

Também foi levantada a possibilidade de os assassinos estarem se vingando dos atos de bullying sofridos na escola, não encontrei nenhum dado seguro sobre quantas crianças são vítimas de bullying nas escolas brasileiras. Primeiro temos que entender que não é qualquer tipo de assédio moral que pode ser enquadrado como bullying, esta palavra está se banalizando, para uma atitude ser caracterizada como bullying a mesma pessoa ter que ser vítima do mesmo tipo de assédio, pelo mesmo grupo de pessoas, por um longo tempo, não é porque um dia, uma única vez, alguém te chamou de algo que você não gostou que automaticamente você se tornou mais uma vítima de bullying. Não estou minimizando o bullying, nem tão pouco dizendo que não devemos combater tal prática, tão nefasta, mas também temos que educar nossos jovens para serem fortes, queiram ou não o mundo é sim uma selva. Como professor há 20 anos no Ensino Básico afirmo, se todos os jovens vítimas de algum tipo de assédio moral, ou mesmo de bullying, quiserem resolver seus problemas dando tiros aleatoriamente, só há uma solução, fechem as escolas imediatamente.

Também há quem culpe os jogos de vídeogame, se este for o motivo se tranquem em casa e se preparem para o Armagedon, pois no Brasil 82% dos jovens e adultos jogam vídeogame, minha filha de 11 anos têm vídeogame, e quase todos os amigos dela também. Claro que um jovem saudável não deve perder o dia jogando videogame, deve se socializar com pessoas reais, deve praticar exercícios físicos e deve estudar, mas culpar os videogames é demasiadamente simplista.

A verdade, para mim, obviamente, é muito mais simples e aterradora. A humanidade age violenta e aleatoriamente, simplesmente assim. Desde sua origem na face da Terra, o ser humano age violentamente contra seus iguais, o sangue do outro é tão doce quanto água no deserto. As guerras civis mancharam a Grécia Clássica com o sangue dos Helens, no auge do Império romano o principal lazer eram as arenas onde a morte de animais e outros seres humanos alegrava as tardes latinas.

Alegam também, que a violência é fruto da falta de religião, mas não se esqueçam dos milhares de mortos nas fogueiras da Inquisição Católica durante a Idade Média, os Autos de Fé eram o programa mais esperado pelas boas famílias cristãs. Sem dúvida alguma foi em nome de Deus, e não importa de qual religião, que mais se ceifou vidas na breve história da humanidade, atualmente no Brasil, pacatos cidadãos crentes em Deus, são a favor da pena de morte e do porte de armas de fogo.

O sangue pode ser apreciado diariamente no “esporte” que mais cresce na atualidade, o famigerado MMA, a mesma emissora que faz uma cobertura triste do massacre em Suzano, no intervalo nos lembra da próxima luta dos “Gladiadores do Século XXI” pelo menos é assim que Galvão Bueno os chama. Nos canais de notícias sensacionalistas o sangue jorra pela TV e seus telespectadores como zumbis aguardam a próxima desgraça para terem o que bovinamente conversar com seus pares. Até mesmo nas inocentes “Vídeo Cassetadas” podemos nos divertir às custas dos tombos e fraturas alheias, quem nunca riu da desgraça do outro atire a primeira pedra.

Infelizmente nada que for feito, nenhuma ação, acabará com os assassinatos em massa, não quero que aceitemos, temos que vigiar e punir as mentes perturbadas que querem praticar essas ações brutais, mas saibam elas ocorreram novamente, principalmente porque com a expansão das mídias digitais estes covardes conseguem o que tanto querem, publicidade, “falem mal ou falem bem, mas falem de mim “ já disseram várias pseudo celebridades.

Um aspecto cultural me assusta demais, normalmente os personagens mais queridos das telenovelas são os vilões, e é sabido que o ser humano só gosta da sua própria imagem refletida, os mocinhos das tramas são vistos como sem sal, demasiadamente chatos e pedantes. Os reality shows só dão audiência quando seus participantes estão brigando, quando há intrigas. Quantas pessoas acidentadas ficaram agonizando diante das câmeras de smartphones e depois as imagens “viralizaram” nas redes sociais.

Só há uma saída: matem a esperança e a hipocrisia e no lugar germinem a verdade, só quando o ser humana aceitar sua natureza dura e cruel e que teremos capacidade de pensarmos em soluções para nossos monstros interiores.

 

 

Fontes:

https://exame.abril.com.br/brasil/brasil-tem-5-5-milhoes-de-criancas-sem-pai-no-registro/

https://jogos.uol.com.br/ultimas-noticias/2015/10/16/pesquisa-aponta-que-82-dos-jovens-e-adultos-jogam-games-no-brasil.htm

 

 

 

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