
2 – Qual é o impacto da manutenção da Taxa SELIC em 6,50% no seu bolso?
Caras/os Leitoras/es,
No post da semana passada, apresentei as expectativas do mercado em relação à Taxa SELIC, que não se confirmaram, agora falo sobre os reflexos dessa manutenção nos investimentos e como vai refletir na vida dos consumidores.
Como a taxa afeta o rendimento da poupança? E os investimentos?
A poupança, pela nova formatação do rendimento, ou seja, quando a Taxa SELIC fica abaixo de 8,50% ao ano (atual situação), seu rendimento é um percentual da taxa, ou seja, se SELIC tivesse sido reduzida para 6,25% o rendimento da caderneta seria de 4,375% ao ano (6,25 x 70%), porém como permaneceu, o rendimento continua os atuais 4,55% (6,50 x 70%). Notem os juros da Poupança reduz conforme há redução na Selic.
Segundo o Banco Central do Brasil (BACEN), a remuneração dos depósitos de poupança é composta de duas parcelas(https://www4.bcb.gov.br/pec/poupanca/poupanca.asp):
“I - a remuneração básica, dada pela Taxa Referencial - TR, e”
“II - a remuneração adicional, correspondente a:”
“a) 0,5% ao mês, enquanto a meta da taxa Selic ao ano for superior a 8,5%; ou”
“b) 70% da meta da taxa Selic ao ano, mensalizada, vigente na data de início do período de rendimento, enquanto a meta da taxa Selic ao ano for igual ou inferior a8,5%.”
Os demais investimentos de renda fixa, fundos, títulos do tesouro, tendem a permanecer nos mesmos patamares, pois não houve a redução esperada. Em relação aos investimentos em renda variável (ações, derivativos, fundos multimercados), estes não tem muita correlação com a SELIC.
Em um eventual aumento na taxa de juros, há uma maior atratividade nos investimentos em aplicações de títulos?
Caso contrariasse todas as expectativas do mercado e a própria ata da última reunião do COPOM (Comitê de Política Monetária) e, aumentasse a Taxa SELIC, a tendência seria que o mercado entendesse como uma reversão do ciclo de baixa e começasse a precificar a alta. Diga-se de passagem, era bastante improvável de ocorrer. Analogamente, quando há uma alta "constante" nas taxas de juros, espera-se que haja uma reversão de recursos do consumo para aplicações financeiras, porém com alta de 0,25% ou 0,50% não ocorre este aumento tão rapidamente.
Como a oscilação da taxa de juros afeta o consumidor final?
A grande maioria dos consumidores finais, infelizmente, não tem nenhum benefício com as reduções da Taxa SELIC, pois há um "abismo" enorme entre as taxas de juros das aplicações financeiras e aquelas cobradas por empréstimos para pessoas físicas, preponderantemente, cheque-especial (média entre os bancos de 194,78% ao ano), cartão de crédito rotativo regular (média entre os bancos de 326,03% ao ano) e crédito direto ao consumidor (CDC - 245,15% de juros ao ano - média entre os bancos). Estes dados são do Banco Central (posição da última semana de abril/2018).
Com estes juros "médios" (há casos bem maiores) de 194,78%, 245,15% e 326,03% ao ano, as reduções ou aumentos da Taxa SELIC 0,50% ou 0,25% ao ano, não afetam o consumidor final, sendo pouco razoável comparar em termos matemáticos tamanha desproporção entre referidas taxas, ou seja, os juros cobrados pelos empréstimos bancários são tão altos e não seguem, nem de perto, os movimentos que ocorrem com a Taxa SELIC.
Na próxima semana, apresento novo assunto.