Por que o controle da inflação é uma das duras conquistas que o Brasil não pode perder?

Por que o controle da inflação é uma das duras conquistas que o Brasil não pode perder?

Caras/os Leitoras/es,

O caso da Venezuela é bastante emblemático, pois com a hiperinflação o poder de compra da moeda fica extremamente comprometido e o valor dos bens, imóveis, das empresas, beiram o irracional. Em uma matéria publicada pela British Broadcasting Corporation (BBC Word - https://www.bbc.com/mundo/noticias-america-latina-41248033), por meio do jornalista Daniel Garcia Marco (@danigmarco), em 18 de setembro de 2017, tinha o título:

“Como uma empresa da Venezuela compete com a Apple como a empresa com maior valor no mercado de ações do mundo?”

Para entender a questão e imaginar o “caus econômico” da Venezuela, há três cotações para converter bolívares em dólar, ou seja, 10 bolívares para produtos essenciais (alimentos e medicamentos), entre 3.000 e 11.000 bolívares para outros produtos de empresas e pessoas físicas respectivamente e 21.000 bolívares no câmbio negro. Uma hiper variação percentual na taxa de conversão, indicando a hiperinflação do país, analogamente.

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Por que chegou a esse “caus”?

Quaisquer governos, ao tentarem conter a inflação por meio de tabelamento de preços, congelamento de taxas de câmbio, cometem o erro fatal de perder a confiança dos agentes econômicos (pessoas físicas, empresas, mercado, outros governos, etc.), pois se houve a necessidade dessas medidas é porque os fundamentos macroeconômicos não foram seguidos e há mais gastos do que arrecadação.

O Governo da Venezuela não é vítima, mas sim o principal culpado pela situação, que utilizou recursos abundantes da alta do petróleo para se manter no poder com medidas populistas de benefícios não sustentáveis à população, e “quebrou” quando da baixa do preço e com a crise internacional do subprime, e ao invés de reconhecer os erros, continua no mesmo caminho aprofundando a crise interna e destruindo a economia.

O título da matéria é uma falácia, a empresa em questão é o Banco Mercantil da Venezuela, com 9 agências, nunca poderia ter o mesmo valor de umas das maiores empresas mundiais, a gigante do setor de tecnologia (APPLE), que cujo valor (US$ 869,1 bilhões) supera em muito o próprio PIB do Venezuela (US$ 404,1 bilhões), dados de 2017. Notem, o mercado seja interno e/ou externo desconfia de pequenas variações em relação às empresas, ou mesmo, comportamentos, pronunciamentos, indicativos de novos negócios ou desfazimento de posições, portanto, o valor de mercado do Banco Mercantil mostra a deterioração de quaisquer fundamentos macro/micro econômicos da Venezuela, perante a pessoas com conhecimento mínimo de mercado, até mesmo para leigos nesse segmento, porém com capacidade de fazer comparações.

Outro País que caminha para o descontrole da inflação é a própria Argentina, que chegou a 20% ao ano, os dois casos com graus diferentes, mas ambos possuem descontrole das contas públicas e tomada de medidas populistas, sem respaldo no mais simples conceito de finanças: “não gastar mais do que ganha”.

Então, quando alguém falar que um pouco de inflação não tem problema, ou mesmo na próxima campanha presidencial, sinalizar para o afrouxamento do controle inflacionário, tomem muito cuidado, pois depois que a inflação volta, é difícil e penoso trazê-la para patamares civilizados.

Na próxima semana, apresento novo assunto.

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