Relação entre Taxa SELIC e Juros de Empréstimos dos Bancos
Valdir Domeneghetti
31 Mar 2018 22:22
Caras/os Leitoras/es,
Há uma ideia corrente entre os consumidores bancários e público em geral, até mesmo crítica especializada, que quando o Banco Central do Brasil (BACEN) reduz a Taxa SELIC, os bancos fazem o mesmo movimento de queda nas taxas dos empréstimos/financiamentos bancários.
Será que esta percepção está correta ou não?
Para dirimir esta dúvida, nada melhor que comparar o ciclo de queda da SELIC, com as taxas das principais modalidades de empréstimos/financiamentos para pessoas físicas, praticadas pelos bancos, neste mesmo período.
Conforme dados do BACEN (disponíveis em: https://www.bcb.gov.br/Pec/Copom/Port/taxaSelic.asp), de 19/10/2016 (último dia da SELIC a 14,25% ao ano), até 22/03/2018 (primeiro dia da vigência da SELIC de 6,50% ao ano), tivemos um decréscimo de 54,4%, atingindo o menor patamar da série histórica da SELIC, a qual teve início em 26/06/1996.
Vide quadro com o referido período:
E como foi o comportamento das taxas de empréstimos dos bancos para as pessoas físicas?
Notem, as principais modalidades, considerando a taxa média de todos os bancos que operam com os empréstimos e financiamentos, tiveram redução, porém muito aquém da redução da SELIC.
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Modalidade |
Taxa média entre todos os bancos em outubro de 2016 |
Taxa média entre todos os bancos em março de 2018 |
Variação percentual |
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SELIC |
14,25 % ao ano |
6,5 % ao ano |
redução de 54,4 % |
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CDC Aquisição de Veículos |
29,76 % ao ano |
25,25 % ao ano |
redução de 15,1 % |
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Cartão de Crédito Rotativo |
446,44 % ao ano |
376,50 % ao ano |
redução de 15,6 % |
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CDC normal |
216,72 % ao ano |
205,50 % ao ano |
redução de 5,2 % |
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Cheque Especial |
199,72 % ao ano |
198,19 % ao ano |
redução de 0,8 % |
Diga-se de passagem, as taxas médias das três principais modalidades de empréstimos/financiamentos (Carão de Crédito Rotativo, CDC normal e Cheque Especial) tem valores de taxas anuais médias muito acima da SELIC.
É difícil entender referida situação, pois impostos e inadimplência (argumento dos bancos) não pode ser explicação para esta diferença “brutal”, sem qualquer razoabilidade.
As informações de taxas dos empréstimos/financiamentos podem ser consultadas no site do Banco Central do Brasil (BACEN), disponível em :(https://www.bcb.gov.br/pt-br#!/r/txjuros/?path=conteudo%2Ftxcred%2FReports%2FTaxasCredito-Consolidadas-porTaxasAnuais-Historico.rdl&nome=Hist%C3%B3rico%20Posterior%20a%2001%2F01%2F2012&exibeparametros=true).
No próximo post, apresento novas considerações sobre este assunto.
