Contradições que constrangem o Brasil

Contradições que constrangem o Brasil

Contradições que constrangem o Brasil

 

Em meio ao processo social que culminou com o impedimento da Presidenta Dilma Rousseff, não poucas vezes, assistimos na poltrona da sala de casa, via televisão ou internet, os maiores abusos contra a dignidade da mulher, e em especial, da Presidenta sufragada, sem qualquer pudor ou consideração.

Destaco apenas alguns momentos emblemáticos. Quando no estádio em meio a Copa do Mundo em coro se mandou a Presidenta Dilma ir tomar no cu. Seguidamente, uma imagem da Presidenta com as pernas abertas fazendo do orifício de abastecimento de combustível como se fosse as partes íntimas sexuais, para serem penetradas pela mangueira de combustível.

Nos dois casos a alusão ao estupro coletivo enquanto corretivo para que ela ficasse no lugar que lhe cabia como mulher, qual seja a vida privada e não o espaço público e com poder. Ou seja, este local não seria a presidência da República.

Tais atitudes abusivas não foram condenadas por parte significativa dos militantes contrários ao governo federal PT. Pelo contrário, fazia-se política ao estilo de Machiavel com todo um discurso da honestidade contra aquilo que se convencionou chamar de esquerda, sendo na realidade Liberal Keynesiano.

Este discurso da honestidade revelou-se, com o tempo, estéril visto que as mesmas forças não se organizaram contra o Presidente Michel Temer acusado pela Procuradoria Geral  da República por duas vezes consecutivas, uma vez inclusive por formação de quadrilha o que desfiguraria por completo a questão do partido.

Assim, vemos o Brasil ser o que é, um País do statu quo onde o que se merece é medido pela origem de classe, raça e gênero. Assim, mulheres, negros e homossexuais e toda plêiade das variantes de gênero são excluídos e culpabilizados pelos males sociais sem clemência, mesmo que para isto use-se meios imorais nas ruas vendo os carros adesivados ou no estádio ou via televisão do coro estuprador.

Neste contexto de moral machista, sexista, patriarcal, racista e classista não é de se estranhar que a exposição “QueerMuseu: cartografias da diferença na arte brasileira” tenha sido na visão da direita boicotada e na visão dos progressistas censurada a ponto de ser fechada pela instituição financeira que a exibia.

Bem aos moldes do que faz o Brasil, Brasil, a manutenção do statu quo em detrimento dos direitos de cidadania, o que mais assustou na exposição foi ver que artistas renomados e, alguns históricos, como Portinari, já haviam se embrenhado pelo mundo Queer quando este ainda nem era pesquisado como manifestação humana livre e sadia desde a infância.

Mais, que isto, escancarava as frestas das portas e janelas para evidenciar que o mundo Queer sempre este aí e um de seus usufrutuários era o homem quase imaculado em sua macheza excludente. Este desvelamento não poderia ocorrer no Brasil do statu quo onde a maior parte dos gays está casada e com filhos, por vezes numa vida dupla onde a mulher é cúmplice por medo de perder o statu quo de casada em uma sociedade machista e patriarcal e sexista.

Romper com o statu quo do/no Brasil seria arrombar com as aparências de uma civilização que não passa de um verniz, de uma doutrinação vazia, uma vez que as maiores vitimas de violência e morte são as mulheres, por seus próprios parceiros, aparentados ou conhecidos; os negros, via polícia na periferia e luta pelo controle de áreas; e os gays sendo sistematicamente assassinados a ponto de nos colocar como campeão mundial de produção de vítimas. É uma guerra civil não declarada onde apenas o homem, branco e heterossexual continua sendo o favorecido e privilegiado.

Neste ponto a posição do juiz que legitima a “cura gay” é apenas a cereja do bolo da discriminação, exploração e controle aviltantes das minorias que merecem todo o respeito na Democracia ou mesmo fora dela, em favor do statu quo que nega a cidadania plena a tod@s @s Cidadãos.

E, por isto mesmo já nos perguntamos: haverá eleições em 2018 com este projeto liberal conservador autoritário em curso crescente?

 

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