Obsessão
Obsessão
(Wlaumir Souza)
O capitalismo e o capital
Unidos na produção
De coisas e obsessivos
Produz sem parar
Em série ou aparentemente exclusivo
Quer todos consumindo
Dia e noite
Enquanto se estiver acordado
Mesmo dormindo
Faz com que nada satisfaça
Sempre mudando a oferta e demanda
Faz brilhar os olhos
Como se fosse uma religião
Onde o Deus muda todo dia
A cada hora
A cada instante
A fração de satisfação não se detém
Não se mantém
O vazio é eterno
O vício grita
Passando de objeto em objeto
Não cessa na busca
De eterna insatisfação
Consome tudo
De gentes ao planeta
Consome tudo
Até as forças dos corpos
Que fabricam ou consomem
Num adoecer sem fim
Que se maquia em consumir
Sem sessar
Sem satisfazer
Sem sentir
Sem sabor
Sem sentido
Numa sucessão de objetos
Nada fálicos
Nada de nada
Na existência nadificante
De eterno consumir-se consumindo
Num sintoma sem fim da obsessão coletiva
Do capital e do capitalismo