Vida em harmonia

Vida em harmonia

Na última semana fiz um vídeo para o portal da Revide com o professor Felício Bombonato Jr. onde ele comenta sobre a prática de Tai Chi Pai Lin para quem busca equilibrar suas energias físicas e mentais. Quem se interessa pelo tema vai gostar do vídeo. Mais ainda do texto abaixo, que estou tirando do "fundo do baú" - da vida, da profissão e do coração -, pois foi minha 1ª matéria de capa na Revide (2008). Espero que gostem!  
Bjs



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O caminho da serenidade

A prática oriental do Tai Chi Pai Lin mudou o curso da história de Felício Bombonato Jr., um engenheiro que se tornou um "construtor de vidas"

Aos 51 anos de idade, Felicio Bombonato Júnior se considera um homem realizado. O professor de artes marciais escolheu um caminho onde faz o que gosta e se satisfaz com o resultado de seu trabalho. Pai de três filhas, sente-se útil para a humanidade e acredita que as oportunidades vão aparecendo naturalmente na vida.

Foram quinze anos exercendo a profissão de engenheiro civil até que Felicio descobrisse seu verdadeiro caminho, o do ensino das artes orientais. Natural de Batatais, veio jovem para Ribeirão Preto, em 1973, para estudar Engenharia Civil. Ainda na faculdade, dava aulas de Karatê para custear os estudos. Mesmo formado e trabalhando como engenheiro, nunca abandonou a arte e, em 2008, comemora 35 anos desta prática. Hoje se divide dando aulas de Karatê e Tai Chi Pai Lin em 12 lugares diferentes, entre empresas, academias, instituições e praças, além de atuar como terapeuta em Shiatsu em um Spa Urbano.

O interesse pelo Oriente esteve sempre presente em sua vida. O professor, que é espírita, atribui a afinidade imediata com o Karatê-Do e o Tai Chi Pai Lin a outras vidas. "A arte oriental trabalha com a questão do equilíbrio, de ser e de conter um modo de vida. Cheguei a um ponto em minha existência em que pensei ‘ao invés de construir casas vou construir vidas’. Foi o caminho que escolhi para mim", explica.

(continua...)


Segredo da felicidade

Apaixonado pelo milagre da vida, Felicio ensina que o primeiro passo para se viver bem é agradecer todos os dias. Nos fundamentos de respeito e gratidão da filosofia oriental, encontrou uma forma positiva de enxergar os fatos e garantir tranqüilidade para o seu dia-a-dia. Para o professor, corrupção, ganância e busca desenfreada pelo poder não existiriam se as pessoas fossem gratas pela vida, pela saúde e pelas oportunidades. "Costumo dizer que todo mundo tem um lado positivo, procuro ver assim. É preciso perceber que toda dificuldade traz um benefício equivalente", ressalta.

Influenciado pelo filme "Irmão Sol, Irmã Lua", Felicio se tornou vegetariano há quase 30 anos. Em sua casa, a esposa e as filhas também não comem nenhum tipo de carne. Por ter sido uma escolha motivada pelo respeito à vida dos animais, o professor não teve dificuldade alguma em mudar a alimentação. Apesar de compreender e aceitar as escolhas de cada um, propaga o vegetarianismo como um benefício para a humanidade.

"Acredito que umas da soluções futuras para resolver a questão do aquecimento global e da fome no mundo seja os homens se tornarem vegetarianos. O hábito de comer carne tem contribuído drasticamente para a destruição da selva amazônica para criação de gado e cultivo de soja para alimentá-lo. O espaço destinado a estas práticas seria suficiente para produzir alimentos para todos", afirma.

Amante da natureza, também participa de um pequeno grupo denominado "Amigos das Árvores" que todos os anos, no começo do Verão, planta árvores em praças na tentativa de recuperar seu projeto arbóreo original. Há seis anos, junto com alguns alunos, deu início a um evento anual denominado "Eu sou da Paz", no parque Curupira, com objetivo de ajudar na formação de uma nova cultura de paz como caminho de vida.

Com alguns livros escritos ainda não publicados, sonha em se tornar um escritor, para que suas mensagens corram o mundo. "Acredito que cada homem deve ajudar a humanidade com o que tem de melhor. Se todos se empenharem em colocar suas energias e conhecimentos em favor do coletivo, o mundo certamente vai melhorar", acredita.

Em seus planos de vida também está a possibilidade de se candidatar a vereador pelo Partido Verde, para ajudar na restauração do verde e da vida e para desenvolver projetos que levem práticas orientais, complementares na recuperação da saúde, auto-estima e dignidade, às comunidades carentes e terceira idade.

De concreto em sua biografia estão a reviravolta profissional e a autoria de um CD de Meditação e Relaxamento, que pode ser adquirido nas lojas Talismã Presentes, Madame Mim e também na Banca do Livro Espírita, em Ribeirão Preto.

Paixão pelo Tai Chi Pai Lin
O encontro de Felicio Bombonato com o Tai Chi aconteceu em 1984. Através da indicação de um amigo, fez as primeiras aulas em uma academia. Desde então, não parou mais de aprender e fala com orgulho da filosofia taoísta. "Há mais de cinco mil anos, grandes mestres chineses observaram que tudo o que existe na natureza tem dois lados opostos que se complementam. Foi daí que surgiram os símbolos Yin e Yang que, unidos, representam a harmonia entre corpo e espírito, ser humano e natureza. Isso é chamado de Tai Chi", explica.

Os ensinamentos dessa arte são transmitidos verbalmente de mestre para discípulo e propiciam a transmutação da essência, a reversão do processo de envelhecimento. Pai Lin significa Cem Anos, longevidade. De acordo com o professor, o tempo natural de vida do homem seria de 120 anos, mas as pessoas morrem antes por adotarem um padrão de vida inadequado ao modo como a natureza as criou.

"Nossa cultura se baseia em ver apenas o lado negativo das coisas. Em nosso subconsciente, onde estão os padrões sociais, os condicionamentos, os paradigmas e as nossas verdades, está armazenada esta forma ruim de pensar o mundo. Por isso é importante agradecer sempre. Quando se valoriza as coisas a sua volta, passa-se a ver o lado bom de tudo e sentir uma sensação de bem-estar", ensina.

O grande problema da atitude mental negativa está no mal à saúde que ela pode acarretar. Uma simples reclamação de algo cotidiano gera uma insatisfação interior que se torna uma mágoa ou ressentimento, criando uma freqüência mental negativa que produz estresse e termina em depressão. O dia inteiro as pessoas vivem situações que as levam a agir desta maneira. "A idéia é blindar a mente", ensina Felicio, condicioná-la a transformar todas as informações negativas em pensamentos positivos.

"A nossa mente é a única coisa no mundo sobre a qual podemos exercer poder de controle. Mas apenas 2% da humanidade faz isso. Miséria, fome, sofrimento, doença, discórdia, guerras, escassez e violência são frutos de atitudes mentais negativas enquanto paz, riqueza, saúde, bem-estar, amizade, alegria e bom humor são frutos de atitudes mentais positivas. Cada pessoa vê o mundo com a lente que possui. Se enxerga bondade no outro, é porque a tem dentro de si", afirma.

A meditação pode ajudar no aprendizado do controle da mente, já que conduz ao esvaziamento de pensamentos. "Na meditação, você trabalha o sentir, do qual nos desconectamos no dia-a-dia. Por exemplo, a revista em suas mãos está produzindo um peso, mas para senti-lo você pára de pensar. Na meditação você esvazia a mente. Dando atenção ao sentir, cria um estado de serenidade", explica Felicio.

A mente agitada gera estresse e abre as portas para as doenças que, em sua maioria, se originam no desequilíbrio das emoções. O estado de coração tranqüilo alcançado com a meditação agrada os órgãos, pois permite que funcionem de forma saudável e harmoniosa, por isso, meditar constitui uma forma de se proteger.

De acordo com o professor, há um desvio de finalidade das artes orientais no Brasil e no mundo. A competitividade gerada com os campeonatos conduz ao crescimento do ego negativo inferior. Na realidade, as práticas deviam estimular a busca da iluminação, do crescimento do ego superior, do estado de serenidade e fraternidade, do desenvolvimento do sentimento de amor por tudo e por todos. "Na essência, estas práticas buscam nos reintegrar à natureza, ao modo como ela funciona, agindo silenciosamente, crescendo silenciosamente, fluindo silenciosamente. Esse é o modo de ser natural do ser humano. Mestre Liu dizia que o homem deve aprender com a suavidade da Terra", conclui Felicio.

Matéria publicada na Ed. 391 de 29 de fevereiro de 2008

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