Comprova, Revide: Crianças NÃO foram mortas em ritual em Sertãozinho
Polícia Civil confirmou à reportagem que se trata de um boato

Comprova, Revide: Crianças NÃO foram mortas em ritual em Sertãozinho

Relatos de tentativas de sequestro na cidade ligaram sinal de alerta em pais do município

Supostas tentativas de sequestro de crianças deram origem a diversos boatos na região de Ribeirão Preto. Uma das histórias que circula pelas redes sociais é de que crianças teriam sido encontradas mortas, em um suposto ritual “satânico”. O Comprova, Revide foi averiguar para ver se a história procede.

Em uma postagem publicada em um grupo no Facebook, um homem relata que teriam sido encontradas “quatro crianças mortas” em Sertãozinho, e que os corpos estariam ao lado de velas acesas.

Leia mais:
"Comprova, Revide" apura supostos casos de tentativa de sequestros de crianças na região

Em meio às supostas tentativas de sequestro, moradores da cidade ficaram apreensivos com os boatos que surgiram. Em grupos de WhatsApp há, inclusive, o registro de mães de crianças que disseram que sairiam de casa com facas para se protegerem de eventuais ameaças.

O Comprova, Revide entrou em contato com a Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Sertãozinho. O delegado Targino Osório afirma que o caso das quatro crianças supostamente sacrificadas, em específico, é boato.

Para o sociólogo e pesquisador Silas Nogueira, do Centro Estudos Latino-Americanos sobre Cultura e Comunicação (CELLAC), essa mobilização é causada em razão do medo do desconhecido, o que, para ele, é compreensível, ainda mais quando envolve crianças, violência e mortes. O sociólogo ainda lembra que esse é um fenômeno que sempre existiu, porém alerta que, com o advento de novos meios de comunicação, a situação se potencializa.

“Dois complicadores podem atuar nesse processo: a dificuldade da população, em geral, em trabalhar no pensamento com essa quantidade enorme de informação e a quase impossibilidade de confirmação e checagem dos fatos. As atuais circunstâncias da sociedade brasileira, com a população exposta a inúmeras dificuldades e incertezas, aumentam o sentimento de impotência diante, tanto do desconhecido, quanto de qualquer força ou mecanismo que se supõe superior, mais forte. Alguns aspectos do momento político atual também acentuam esse sentimento com o intuito de se locupletar com a exploração da insegurança e do sentimento de impotência”, comenta.

Para Nogueira, é preciso que as autoridades constituídas, da mídia e de cidadãos mais organizados, atuem de forma mais profunda para o combate da disseminação dos boatos. “O objetivo deve ser, sempre, evitar atitudes isoladas e aventureiras e orientar a sociedade sobre medidas de segurança e, principalmente, tentar alimentar o noticiário com informações mais precisas e estudadas”, complementa.


Foto: Reprodução

Compartilhar: