Condição privilegiada

Condição privilegiada

Ribeirão Preto conta com 18 hospitais e uma rede com 63 unidades de atendimento, entre básico, especializado, pronto-atendimento, distritais e de Saúde da Família

Pedro Palocci destaca que, somente em 2015, foram investidos R$ 4 milhõesCom condição privilegiada no atendimento público e privado de saúde, Ribeirão Preto é classificada pelo Ministério da Saúde como a melhor cidade paulista e a terceira do país em acesso e qualidade dos serviços médicos prestados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).  Para chegar nesse resultado, foram considerados os 29 municípios brasileiros com maior renda e infraestrutura no segmento. 

Com uma estrutura hospitalar em franco desenvolvimento e modernização, a cidade conta com 18 hospitais especializados e gerais, além de mais de 2.300 leitos entre clínicos, cirúrgicos e de Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs). De acordo com os dados do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios de Ribeirão Preto (SindRibeirão) e da Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios de São Paulo (Fehoesp), o número é suficiente para atender à demanda e está bem acima da média brasileira. Enquanto os municípios em geral oferecem aproximadamente 2,3 leitos por mil habitantes, Ribeirão Preto atinge 3,7 leitos a cada mil pessoas. 

Para melhorar a posição no ranking, as instituições de saúde instaladas na cidade buscam a excelência por meio de investimentos em infraestrutura física, em tecnologia e na capacitação dos recursos humanos.

No setor privado, instituições como os hospitais Especializado, São Paulo e São Lucas investem na melhoria da qualidade e no reconhecimento técnico, por meio das certificações nacionais e internacionais do segmento. O São “Hospital Unimed deve receber R$ 50 milhões em investimentos em 2017”, estima Álvaro TruiteLucas foi o primeiro hospital independente do interior do Brasil a conquistar a Accreditation Canada Internacional (ACI) – Qmentum e o 7º no Brasil a receber o selo de Hospital Acreditado pela Organização Nacional de Acreditação (ONA). As certidões atestam a preocupação com a qualidade dos serviços médicos oferecidos em todas as pontas das instituições. “Somente em 2015, investimos cerca de R$ 4 milhões, em novos aparelhos e na modernização de vários setores”, contabiliza Pedro Palocci, diretor-presidente do Grupo São Lucas.

A cidade conta, ainda, com duas importantes cooperativas médicas, Unimed e São Francisco, que, juntas reforçam o atendimento hospitalar com mais de 250 leitos e garantem prestação de atendimento clínico por meio de 1.250 médicos de todas as especialidades. “Em 2017, estimamos investir cerca de R$ 50 milhões no Hospital Unimed que, em breve, terá seu Pronto-Atendimento 24 horas inaugurado”, antecipa o pediatra Álvaro Truite, diretor-presidente da Unimed Ribeirão Preto e responsável pelo hospital da cooperativa. 

No Hospital São Francisco, estão sendo implementadas iniciativas para modernizar a unidade, com ampliação das atividades, além de reestruturação e expansão de alguns setores. É o que destaca o diretor técnico e médico da Instituição, Woe Tong Chan.

Atendimento público

Sandro Scarpellini defende uma reestruturação do sistema de saúde municipalMesmo com boa estrutura hospitalar e clínica na cidade, faltam investimentos no atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e em vagas de Terapia Intensiva. Isso porque, de acordo com Yussif Ali Mere Júnior, presidente do SindRibeirão e da Fehoesp, as filas de pacientes são geradas por fatores externos, como, por exemplo, a limitação orçamentária do Ministério da Saúde, que acaba adiando procedimentos, inclusive, cirúrgicos. Ricardo Marques, administrador do Hospital Sociedade Portuguesa de Beneficência, reforça que, no caso do SUS, o maior gargalo é mesmo a falta dos leitos de UTI. O gestor aponta, ainda, que a baixa remuneração da tabela SUS, os pagamentos atrasados por parte da Prefeitura na gestão anterior e a instabilidade econômica do Brasil são complicadores importantes. Para cada R$ 1,00 recebido do SUS, são gastos em torno de R$ 1,23.

O superintendente do Hospital das Clínicas, Benedito Carlos Maciel, revela que o número de vagas destinadas a novos casos é, muitas vezes, insuficiente. “Essa realidade gera uma grande demanda reprimida, que tem sido objeto de muitas reuniões com representantes da Diretoria Regional de Saúde (DRS XIII). O objetivo é buscar soluções que minimizem os prejuízos dos pacientes”, argumenta o superintendente. A unidade é referência terciária para quatro Departamentos Regionais (DRS) de Saúde de São Paulo — Ribeirão Preto, Franca, Barretos e Araraquara —, envolvendo cerca de 90 municípios e uma população total estimada em quase 4 milhões de habitantes.

Benedito Maciel também destaca a necessidade de equacionar outro grave problema ainda este ano: a superlotação da Unidade de Emergência, em decorrência do encaminhamento dos pacientes em “vaga zero”. “A proposta de fusão das centrais de Regulação Municipal e Estadual já está sendo discutida com o secretário municipal da Saúde, Sandro Scarpellini, que muito pode contribuir para o avanço da questão”, garante o superintendente.

A pasta possui uma dívida herdada da gestão anterior de mais de R$ 20 milhões e outros R$ 4 milhões em contratos atrasados com fornecedores, além de falta de medicamentos, frota sucateada, entre outros problemas. O secretário defende uma reorganização da Saúde no município, em especial, da área financeiro-administrativa. Para reduzir as filas de espera por consultas, Scarpellini acredita na implantação do Ambulatório Médico de Especialidades (AME), já aprovado pelo Governo e pela Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. “Com sua instalação, será possível dar maior dinâmica ao fluxo de pacientes de média complexidade no município e na região”, opina. 

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