Pioneirismo em cirurgia robótica
Chegada da plataforma robótica Da Vinci inaugura em Ribeirão Preto uma nova era tecnológica para intervenções cirúrgicas no Hospital São Lucas
Considerada uma evolução da cirurgia minimamente invasiva laparoscópica, a plataforma robótica vem revolucionando as intervenções cirúrgicas e também os resultados junto aos pacientes. Na Urologia, o robô maximiza as taxas de cura, reduz o sangramento em até 80% e minimiza consideravelmente as sequelas, como incontinência urinária e impotência sexual, além de proporcionar a recuperação das funções vitais 40% mais rápido.
Esta, agora, é uma realidade que está disponível também em Ribeirão Preto. No fim de julho, o Hospital São Lucas realizou os dois primeiros procedimentos do interior do Estado de São Paulo, por meio da plataforma robótica Da Vinci. Dois homens com idades de 65 e 44 anos, ambos com câncer de próstata localizado, foram operados por uma equipe de 13 pessoas, entre médicos, enfermeiros e profissionais de apoio, coordenada pelo urologista e cirurgião robótico Dr. Tiago José Borelli Bovo. Com recuperação acima do esperado, os pacientes tiveram alta no dia seguinte.
A nova tecnologia exigiu investimentos superiores a R$ 15 milhões, entre a aquisição do robô, kits para cirurgia, equipamentos para sala cirúrgica, de esterilização, de desinfecção e de estativas, além de treinamento de equipes. Aplicações de recursos também foram necessárias para adequar a sala de procedimentos, com mudanças na mesa cirúrgica, nas estativas, no foco cirúrgico e nos monitores totalmente destinados ao robô, inclusive com monitores de vídeo em alta definição. Dotado de quatro braços, o Da Vinci carrega a câmera em um deles, enquanto os outros três ficam livres para portar instrumentos cirúrgicos, como pinças, tesouras e bisturi.
Adquirido em março, o equipamento é indicado para procedimentos de diversas especialidades médicas. Nesta primeira fase, o Hospital São Lucas realizará apenas cirurgias urológicas (próstata e rim), mas, a partir de agosto, amplia o leque de atuação incluindo aparelho digestivo (gastro) e ginecologia. “Estamos nos preparando em etapas e, a partir de outubro, estaremos preparados para também realizar cirurgias torácicas”, antecipa Dr. Pedro Palocci, presidente do Grupo São Lucas.
Na cirurgia robótica, o médico cirurgião estabelece os acessos laparoscópicos e introduz a câmera e os instrumentos de trabalho no interior do corpo do paciente por meio de pequenas incisões. Com isso, o profissional tem uma excelente visão para realizar a cirurgia, além de contar com movimentos precisos dos braços do robô, operando a partir de uma mesa de controle (console). A movimentação dos instrumentos se faz pelo manuseio de delicados dedais e, à medida que mãos e dedos se movem, o robô reproduz os movimentos dentro do corpo do paciente.
O ato cirúrgico é guiado por imagens fornecidas pela câmera introduzida no corpo do paciente. Esse aparelho tem capacidade de ampliar em até dez vezes uma imagem, em três dimensões, o que mantém a nitidez e a percepção de profundidade sem a abertura do abdômen ou do tórax. Além de um cirurgião no controle, outro fica ao lado do paciente para apoio do ato cirúrgico. “O robô Da Vinci é ideal para cirurgias que envolvam grande detalhamento anatômico ou procedimentos cirúrgicos realizados em pequenos espaços e cavidades”, explicam o urologista Dr. Tiago e Dr. Gustavo Machado Colli, anestesista e coordenador médico do Centro Cirúrgico do Hospital São Lucas.
Melhor custo-benefício
Entusiasta da nova tecnologia, Dr. Pedro reforça que os benefícios são muito mais importantes do que o custo, pois está trazendo o que há de mais moderno no mundo, para que os moradores de Ribeirão Preto e da região possam ter acesso a essa tecnologia. Segundo o gestor, apesar da cirurgia robótica ainda não ter a cobertura dos planos de saúde, cada vez mais o robô vem sendo inserido como melhor opção para alguns tipos de cirurgias e, em breve, terão que oferecer a tecnologia aos seus pacientes. “Como a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) ainda não prevê esse tratamento para os usuários de planos de saúde, as operadoras não cobrem os custos. Normalmente, elas custeiam a cirurgia convencional e o paciente paga a complementação dos instrumentais do robô e os honorários médicos”, esclarece o presidente do Grupo São Lucas.
Como já mencionado anteriormente, nas próximas semanas e meses, a plataforma robótica cirúrgica estará disponível a outras áreas. “Com isso, trazemos a possibilidade de novos tratamentos, de forma mais eficaz e, principalmente, sem a necessidade do paciente se deslocar para grandes centros para serem tratados. Agora, podemos fazer tudo isso dentro casa”, frisa Dr. Pedro, lembrando, ainda, que o São Lucas será multiplicador dessa tecnologia, por meio dos treinamentos médicos disponíveis na unidade. Para isso, a diretoria comprou um simulador para habilitar o corpo clínico a realizar cirurgias laparoscópicas e, a partir de agora, as robóticas também.
São cerca de 30 horas de treinamento. Depois, haverá um teste no robô e a certificação, que ainda não é feita no Brasil. Para isso, os profissionais interessados serão encaminhados para Atlanta, nos Estados Unidos, onde passarão por testes teóricos sobre cirurgia robótica e, no final, a uma prova prática, em que o médico realizará uma cirurgia robótica em um porco. “Depois da certificação, o médico tem que realizar entre 10 e 20 procedimentos, sempre acompanhado por um Proctor, um médico já certificado e mais experiente, com mais de 100 cirurgias já realizadas”, acrescenta.
Dr. Pedro observa, ainda, que, apesar de ser um processo caro, está oferecendo o treinamento para os cirurgiões interessados em fazer essa capacitação. “Neste primeiro momento, atenderemos as demandas dos integrantes do São Lucas. Posteriormente, ofereceremos o treinamento para profissionais de outros centros médicos também”, frisa Dr. Pedro.
Principais vantagens da cirurgia robótica
• Menos invasiva, com cortes menores.
• Menos complicações no pós operatório, com redução de sangramentos, dores e risco de infecção.
• Recuperação mais rápida do paciente, com menor tempo de internação.
• Mais precisão nas cirurgias em locais de difícil acesso, como nas regiões de pelve, próstata, diafragma e saída do esôfago.
• Maior eficiência na preservação das estruturas nobres, como as enervações, as musculaturas e os esfíncteres.
• Melhor ergonomia, pois o cirurgião fica sentado em posição confortável, o que ajuda nas cirurgias longas.
• O robô reproduz movimentos similares às da mão do cirurgião. Na laparoscopia convencional, o mecanismo de movimentação dos instrumentos cirúrgicos é inverso: o cirurgião movimenta os dedos para a esquerda e a pinça se move para a direita.
• Visão tridimensional (3D) para os cirurgiões.
Excelência médica
Os Hospitais São Lucas, Ribeirânia e o Especializado, além da Med Medicina Diagnóstica e do Centro Médico do Hospital São Lucas, integram o Grupo São Lucas, que tem a Hospital Care como parceira desde 2017. Vivendo um novo momento neste processo tão importante que é a assistência à saúde, os investimentos do Grupo não param, em busca da excelência médica. Seguindo um Plano Diretor de desenvolvimento, continuam com a ampliação e a reforma do Hospital Ribeirânia. Na primeira etapa, entregaram a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), com 20 leitos, projetada para ser referência, seguindo padrões internacionais para esse tipo de atendimento.
A reforma da fachada, da recepção, do centro cirúrgico, a construção do Hospital Materno Infantil Prime e a busca pela certificação pela Organização Nacional de Acreditação (ONA II) completam o projeto para a unidade hospitalar. Para o segundo semestre de 2019, está prevista a construção de mais 60 leitos no São Lucas, sendo 30 para o Centro de Terapia Intensiva (CTI) e 30 para a internação geral. Além disso, a reforma dos quartos será completa, oferecendo maior conforto e segurança aos pacientes.
