Ribeirão Preto Acima da Média

Ribeirão Preto Acima da Média

Produto Interno Bruto municipal chegou a R$ 35,3 bilhões em 2017, com avanço de R$ 5 bilhões em um ano; cidade é a quarta que mais cresceu em participação no PIB do Brasil

Ribeirão Preto é um dos municípios com maior ganho de participação na economia nacional e registra crescimento econômico acima do Estado de São Paulo. A constatação foi feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou neste mês os dados do Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios em 2017. As riquezas produzidas pela cidade somaram R$ 35,3 bilhões naquele ano, o que representou 0,54% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. “Sem dúvida, esse foi um resultado muito significativo e que comprova o potencial da economia de Ribeirão Preto. A cidade cresce em cima de uma base forte e tão grande quanto outras cidades”, analisa o economista Nelson Rocha Augusto, presidente do Banco Ribeirão Preto (BRP). 
O economista Nelson Augusto destaca a perspectiva positiva para Ribeirão Preto também nos próximos anos
O PIB local aumentou cerca de R$ 5 bilhões em comparação com 2016, o que representa 14,5% — percentual acima da média do Estado e de cidades de maior porte, como Campinas e a capital. “A constatação trazida pelos números do IBGE reafirma Ribeirão Preto como polo para a economia local e a importância no cenário nacional, o que traz confiança aos investidores e impulsiona ainda mais os negócios”, afirma a economista Carla Valdevito, professora do Centro Universitário Moura Lacerda.  
Para Carla, resultado reafirma Ribeirão Preto como uma das economias mais importantes do país
O economista Gabriel Couto, da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp), diz o dado corrobora indicadores da época, como a geração de empregos formais, que indicavam que Ribeirão Preto se encontrava em estágio mais avançado da retomada em relação ao restante do país. “Considerando o porte de Ribeirão Preto, podemos afirmar que a participação no PIB nacional é muito significativa. Ela é superior a 16 das 27 capitais do país”, avalia.
Gabriel Couto: “comércio e indústria são, junto do setor de serviços, base da economia em Ribeirão Preto”
Ainda segundo os economistas, em 2017, após anos de uma grave recessão, o Brasil já sinalizava o início de uma retomada da economia, mesmo que lenta, por conta de mudanças no cenário político nacional e também municipal, com o início de novas administrações. 


Setores
Segundo o IBGE, no ranking sobre a evolução de participação no PIB nacional, Ribeirão Preto teve o quarto maior ganho — apenas atrás de Maricá (RJ), Parauapebas (PA) e Niterói (RJ) —, em razão do comércio e indústrias de transformação. “Temos um segmento forte da indústria, que é o de equipamentos médicos e odontológicos. Como em 2017 estávamos em um cenário de início de recuperação, e esse é um setor que tem força no mercado externo, a cidade apresentou melhor desempenho”, explica o economista Luciano Nakabashi, da Faculdade de Economia e Administração de Ribeirão Preto (FEA-RP/USP). 
Francisco Rehder, da Alliage, destaca potencial inovador da cidade
No grupo Alliage, que reúne seis marcas do segmento com atuação em Ribeirão Preto, a crise de confiança que pairava fez com que fossem adotadas práticas agressivas para buscar o resultado que sustentasse o crescimento. “Em linhas gerais, a dificuldade dos clientes em obter acesso a crédito foi um dos principais fatores que tumultuaram o cenário nacional que foi equilibrado pelas vendas internacionais, trazendo um crescimento percentual projetado acima de dois dígitos”, detalha Francisco Rehder, gerente de produtos da empresa. 

Já o setor de serviços e comércio, que concentra 66% da riqueza gerada em Ribeirão Preto, também enfrentava um cenário de recuperação em 2017. “No segundo semestre, iniciamos a retomada. Em três meses, os números ficaram positivos. O melhor resultado registrado em 2017 foi em agosto, com aumento médio de 1,13%. Os dois segmentos que tiveram resultados positivos são os mais representativos para o comércio: vestuário, com aumento médio de 2,07%, e calçados, com 1,22%”, analisa Paulo César Garcia Lopes, comerciante e presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto (Sincovarp). 
"Novas empresas e empreendedores contribuíram com riquezas", diz Paulo Lopes
Paulo também destaca, nessa rota de recuperação econômica local, o crescimento e a chegada de novas empresas e novos empreendedores. “O comércio de Ribeirão Preto sempre está inovando para oferecer o melhor aos seus clientes. Consequentemente, aumenta a geração de empregos, renda e contribui com a economia da cidade”, pontua.

Evolução constante
No ranking geral de riquezas, Ribeirão Preto subiu duas posições e era a 21ª cidade mais rica do País em 2017 — no ano anterior, estava em 23º lugar e em 25º, em 2015. No Estado de São Paulo, Ribeirão é a 11ª cidade com maior PIB, subindo uma posição entre 2016 e 2017. “Existe uma tendência de descentralização do crescimento econômico das regiões metropolitanas maiores, para o interior. Ribeirão Preto atende cidades em um raio de até 100 quilômetros de distância, em comércio e serviços, com custos relativamente baixos em relação à capital ou Campinas. Isso atrai investimento. Crescemos em população e, também, em riquezas”, explica Luciano Nakabashi. 
Luciano Nakabashi explica que economia local é impulsionada por cidades em raio de até 100 km
Em dez anos, o crescimento geral do PIB de Ribeirão Preto, sem o desconto da inflação, foi de 170%. No mesmo período, o PIB de Campinas avançou 120% e da cidade de São Paulo, 117%. “É natural que nos grandes centros, que já têm um crescimento saturado, o ritmo da economia fique menor. Por isso, Ribeirão Preto se destaca nesse cenário e ainda há espaço para mais avenço”, diz a economista Carla Valdevito. 

Para o prefeito de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira (PSDB), a posição de destaque econômico mostra que a cidade segue no caminho oposto dos grandes centros, principalmente por conta da liderança que a cidade representa na região. “É um dado histórico, um crescimento que equivale a todas as riquezas produzidas por Sertãozinho em 2017. Temos trabalhado para fomentar a expansão econômica da cidade, incentivar os empreendedores e dar condições para que gerem emprego e renda aqui. Estamos fazendo tudo o que está ao alcance da Prefeitura para acelerar o crescimento econômico do município”, declara o prefeito sobre os números.

Na divisão da riqueza por número de habitantes, o chamado PIB per capta, Ribeirão Preto registrou R$ 51,7 mil em 2017. Em 2016, a estatística foi de R$ 44.463,79. A capital do Estado se manteve na primeira posição, sendo a cidade mais rica do Brasil em 2017, com PIB de R$ 699,3 bilhões e participação de 10,6% no PIB nacional. 

A Região Metropolitana de Ribeirão Preto somou um PIB de R$ 66,9 bilhões em 2017. Sendo Sertãozinho, com R$ 5,3 bilhões, a segunda cidade mais rica da região composta por 34 municípios. Ainda segundo os dados do IBGE, a região cresceu, em números gerais, 48% em uma década, de 2007 a 2017
Desafios e Perspectivas
Para economistas, apesar do resultado positivo, Ribeirão Preto ainda tem de evoluir em infraestrutura. “Existe o potencial econômico, mas há barreiras, também. Durante anos, a cidade ficou parada, sem investimento em infraestrutura, como é o caso do aeroporto. Uma cidade com o potencial Ribeirão Preto precisa de um terminal internacional para fomentar negócios. Além de nossa infraestrutura não acompanhar o crescimento da cidade, tem atrapalhado essa evolução”, destaca Nelson. 

 Luciano Nakabashi também pontua o investimento em educação e questões sociais. “Ribeirão Preto ainda tem um grande problema de desigualdade de renda. Muitas pessoas não têm oportunidade de desenvolvimento. Tudo isso vai trazer impactos ao longo do tempo”, analisa.
Para Dorival Balbino, união de empresários também faz a diferença para bons resultados
 Para as empresas, a união tem sido alternativa para fomentar o crescimento. “Na Acirp, somos mais de 4,5 mil associados entre os setores de comércio, indústria e serviços, que contam com benefícios que podem fazer a diferença no sucesso do negócio, sobretudo em um ambiente de crise e recuperação econômica no meio empresarial ao redor do mundo”, explica Dorival Balbino, presidente da associação.

 Mesmo com desafios, perspectivas são otimistas para o próximo ano. “Projetamos crescimento, todavia, estamos diante de um cenário cada vez mais competitivo. É preciso se planejar para crescer com responsabilidade. O sentimento é desafiador e otimista”, diz Francisco Rehder. 

Texto: Raissa Scheffer

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